Do tempo que não existe no país sem memória nem consciência, no presente de um ano sem redenção

por Iolanda Guilherme
“Dizem que em algum lugar, parece que no Brasil, existe um homem feliz… mas não havia linha praquele país…”
(Maiakovski e Belchior revisitados)
15 novembro 2019
Para os campos de concentração da Res publica
Naufraga o País
na lama das imagens
Ela tinha dito:
“Não importa quem ganha,
todo mundo perde”
Jogo com a realidade
opaca memória recente
torturadores livres
Como escrever poesia depois de Auschwitz?
País solar
No war
Atentado no porão
a céu aberto, o massacre
Ondas contínuas
livre medo
feliz, triste
sexta se festeja
Liberação
domingo outro golpe…
América do Sul
América do Sol
América do Sal
Embaixada invadida
Milicianos?
Militares?
Covardes!
Como escrever poesia depois de Auschwitz?
22 de maio de 2020
Para as valas abertas da América latina
Para o País das valas
Vocês precisam parar de carregar caixões
– disse ela com leveza
Quem procura osso é cachorro
– disse ele com tesão
feriado da ré pública
em São Paulo já passou
já que a consciência negra foi ontem
em um ano de seis meses
do tempo que não existe
no País sem memória do passado
nem consciência no presente
de um ano sem redenção
com quantos quilos de medo
com quantos quilos de medo
se faz uma tradição?
com quantas valas abertas
com quantas valas abertas
se faz a destruição?
O vírus e o verme
A mais atual forma da morte
américa do sul
américa do sol
américa do down
baixas…
todo dia um 7 a 1 diferente de mais de mil…
STF há de sufocar
Haia há de olhar?
Ou só é tragédia se for no velho mundo?
[…]
Referências musicais diretas:
https://www.youtube.com/watch?v=8Q5hfEGCrp0
https://www.youtube.com/watch?v=zLTMM3r8wYI
Das literárias pra quem não pegou falaremos depois…