É melhor reforçar o estoque de Hipoglós também, porque vai assar, e aí vai uma dica açucarada de um contumaz comedor de pimenta: aquele de amêndoas é melhorzinho

por Vinícius Carvalho
Está começando a rolar racionamento de papel higiênico em alguns supermercados de Florianópolis. Máximo de dois pacotes por pessoa e isso quando tem. Curioso, porque os bolsominions tentavam me convencer que onde não existia papel higiênico era na Venezuela. Será que, pelo menos, eles ainda têm bidê em casa? Vai ser engraçado saber que tem tanto Bolsominion tendo que fazer a xuca.
Fui num mercado agora e acontecia uma verdadeira romaria nas gôndolas desta seção no mercado. Me senti num aniversário do Guanabara. O corredor onde fica o papel higiênico estava igual SERRA PELADA, uma coroa de óculos escuros e cara de minion aos berros com um cobrador do Consórcio Fênix, “me dá, é meu”, só faltaram se embolar ali no chão com puxão de cabelo.
Até brincaria aqui dizendo que nunca vi tantas pessoas em busca do branquinho, macio e folha dupla, mas não será possível porque só os que tinham no mercado eram aqueles papéis lixas mesmo. Aqueles ou meio rosados ou meio cinzas. Limpa, penteia e dá acabamento.
Por via das dúvidas, é melhor reforçar o estoque de Hipoglós também, PORQUE VAI ASSAR. E aí vai uma dica açucarada de um contumaz comedor de pimenta: aquele de amêndoas é melhorzinho e mais cheiroso. Em relação à crise dos papéis, se a situação ficar mais grave, eu estou tranquilo porque sempre tive assinatura da Carta Capital. Aqui tem qualidade.
Pois pensem pelo lado bom. Caso necessário, um brioco sendo limpo pelas folhas da Carta Capital estará tendo acesso à informações muito melhores do que um furingo limpo com as páginas de papel couché 65g das Revistas Veja. E pra piorar, no caso da Veja, a merda já havia sido consumida na entrada. O apocalipse é zumbi, mas o filme de referência é o Centopeia-Humana.
Imagina a cara do Cacau Menezes, do Renato Igor, Moacir Pereira, Luiz Carlos Prates ou da Juliana Wosgraus, indo de encontro ao seu furico? Apesar que seria poético limpar o fiofó com a Juliana Wosgraus. Imagina aquele contraste, uma moça branquinha, colunista social, a nata da nata de Santa Catarina, só festas com magnatas, eu olho a Juliana Wosgraus e lembro do cotonete: esguio, haste flexível proporcionando segurança e conforto. Suas pontas de algodão não soltam fiapos, sua base contém ranhuras que permitem uma fixação segura e higiênica. O puro algodão de cotonete recebe um tratamento especial antigerme que o mantém livre de contaminação.
Pensa nessa rapaziada vindo de encontro ao seu reto na narração do Luiz Penido, “lá vem o ataque pela ponta direita, botou Jucá na cara do gol, o centroavante ajeitou o corpo para receber a pelota, apontou, atirou, guardou…no ângulo! Golão, golão, golão”. Acho invasivo. Me sentiria mais confortável fazendo uma colonoscopia.
O único defeito da Carta Capital perante à Veja é que ela só possui 40 metros, enquanto que o panfleto da famiglia Civita, pela quantidade de propagandas, possui uns 80. Só que corre o risco de que quem faça a própria assepsia reto-furicular usando a Veja não fique muito limpo: é que as matérias são fake e a mão que limpa, é a mão invisível do mercado. Melhor a xuca, anyway.
Mas patriotas e bolsominions, fiquem tranquilos, existe uma forma “hétera” (vocês adoram essa expressão, né?) de fazer a xuca: reza a lenda que se a xuca for feita com uma pistola, vocês só precisam fazer uma vez e depois nunca mais. Tentem aí e me mandem uma carta psicografada depois contando como foi. Mas, vantagem mesmo leva quem tiver em casa revistas da Avon, Natura e Jequiti: aí é papel perfumado… Tanto rodeio para chegarmos no mesmo ponto de sempre, a inexorável vitória delas que são as bastilhas inexpugnáveis da família brasileira: as mães de família e as donas de casa. Elas sempre têm razão.