Twitter volta a ser arma bolsonarista para eleição de 2022

Dentro das redes-sociais, conteúdos da direita radical, dentro do espectro político da extrema-direita, são um dos mais favorecidos pelo algoritmo

Já diziam as Chiquititas: "não me conte mentirinhas, dói demais"
por Alexandre Lessa da Silva

Ultimamente, venho, sempre que arranjo algum tempo, observado as redes sociais de políticos de esquerda. Passo pelo Twitter, vou ao Instagram e acesso o Facebook, em todas essas redes, com maior ou menor frequência, encontro a enauseante presença de bolsonaristas. Sem dúvida, a rede em que estão mais presentes, atrapalhando o bom convívio no ambiente virtual da esquerda, é o Twitter.

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No Twitter, por exemplo, há de tudo: robôs, bolsonaristas com muitos seguidores propalando o ódio, contas novas e usadas por pessoas que são pagas para isso, militares e ex-militares, quem está ou já esteve em alguma Força Auxiliar, o tiozão do zap, o fulaninho que resolve emprestar sua conta para uma causa que só o prejudica. Sem dúvida, há uma orquestração em boa parte desses ataques, para que o gado não pare de andar no mesmo sentido. Apesar da diferença entre os grupos que praticam esses ataques, uma coisa existe em comum a todos eles, o discurso é sempre o mesmo: não usam um só argumento válido e verdadeiro. O discurso é sempre o do ódio e, quando usados, os falsos argumentos são sempre repetitivos, pois são incapazes de dizer a verdade ou formular uma argumentação racional válida.

“Lula é cachaceiro”, “Lula é um ex-presidiário ladrão”, “não foi golpe, mas patriotismo” são trechos de várias postagens que se repetem dentro das redes de políticos do PT. Note-se que não há argumentos, mas ofensas, a forma mais normal de alguém da extrema-direita pensar que está argumentando. Quando, por sua vez, tentam argumentar com você, não conseguem contra-argumentar, já que sequer consideram seu argumento, até porque boa parte deve ser avaliada segundo a quantidade de postagens que produz. Assim, não há “fios” de Twitter ou explicações mais elaboradas em comentários do Facebook ou Instagram, somente ofensas e afirmações distorcidas tentando instaurar uma mentira como se verdade fosse.

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Faltando ainda quase um ano para as eleições, a súcia bolsonarista já começa a tentar inviabilizar as redes sociais de seus oponentes, postando lixo para afastar quem está interessado no conteúdo trazido por fontes confiáveis de esquerda.

Enquanto tentam remontar a estrutura que perderam na internet, principalmente pelo trabalho do STF e de parte da sociedade civil, os bolsonaristas utilizam canais mais tradicionais para ajudar a espalhar as fake news que constroem e, assim, dar uma maior credibilidade às mentiras que dizem. Um excelente exemplo disso é a falsa acusação de Cristina Seguí, uma jornalista autodidata extremista espanhola que relacionou o PT, o Foro de São Paulo e a esquerda em geral com o narcotráfico. Algo sem o menor fundamento e que tem como fonte uma conhecida fabricante de fake news para a extrema-direita que chega ao ponto de falsificar fotos para incriminar seus alvos. Apesar de tudo isso, a Record, canal de televisão do mesmo grupo da Igreja Universal, noticiou como se fosse a coisa mais verdadeira do mundo, apesar de saber que a fonte era tão confiável quanto uma nota de três reais hoje.

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Para quem ainda não se deu conta, já há um plano todo estruturado para o uso das redes sociais e da mídia tradicional pela extrema-direita, usado nos Estados Unidos e que, com poucas modificações, deverá ser empregado no Brasil. Algo a que a esquerda não deve deixar de dar atenção é o crescimento do uso do Telegram no país. De 2020 para 2021, a porcentagem de smartfones brasileiros que têm o Telegram instalado saltou de 35% para 53%. Os mais ricos, jovens e brancos representam a faixa de maior crescimento do aplicativo. Entretanto, ele também está crescendo entre as classes C, D e E. Com sede em Dubai (coincidência?), o Telegram não tem representantes legais no Brasil e, também por isso, não responde aos comunicados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ao mesmo tempo que descumpre as determinações do Ministério Público repetidamente. Por tudo isso, há uma chance do Projeto das Fake News levar ao bloqueio desse aplicativo de mensagens, o que seria um duro golpe para Bolsonaro.

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Já há comprovações, através de estudos, que o conteúdo de direita é o mais distribuído pelas grandes corporações de internet, como demonstra o exemplo do Twitter.  Os conteúdos da direita radical, dentro do espectro político da extrema-direita, também são favorecidos, como demonstrou a transformação do Youtube em uma espécie de “celeiro” dessa chamada nova direita.

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O extremismo de direita se espalha pelo mundo e seu know-how de uso das redes é preocupante, ainda mais sabendo que as próprias redes privilegiam esse tipo de conteúdo. O uso de aplicativos, redes sociais e todo aparato que a extrema-direita tem nas mãos são premissas para a conclusão que farão de tudo na batalha eleitoral e mesmo depois dela. Bolsonaro e Moro, outro candidato da extrema-direita, farão de tudo para que a esquerda não retorne ao poder. Por isso, a esquerda deve estar preparada para tudo, inclusive a violência que geralmente acompanha o extremismo de direita. O aviso está feito, resta à esquerda uma resposta estruturada para tudo isso.

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