Enquanto Lula procurava gerar confiança no país, Bolsonaro ataca aliados internacionais, queima as reservas cambiais e vê o dólar disparar

por Vinícius Carvalho
“A totalidade das pessoas comuns e dos agentes econômicos em particular supõem de forma equivocada que a riqueza de um Estado é medida pelos bens materiais, naturais e manufaturados, que possui. Nada poderia estar mais errado. A maior riqueza de uma nação é a confiança.” — Adam Smith, A Riqueza das Nações.
Quando o capitalismo passou pela sua maior crise da história, em 2008, o Lula, então presidente do Brasil, proferiu uma frase que na época foi criticada, mas depois foi confirmada: “a crise vai chegar aqui como uma marolinha”.
Lula sabia que o presidente de uma república capitalista não é um “gestor”, como os próceres da “nova política” querem nos fazer crer. O presidente precisa ser um animador de mercados e um líder nato para inspirar confiança. Um Estado não é uma empresa privada e não pode ser administrado como tal, isso é completa insanidade.
Pois bem, ali Lula viu a necessidade de aprofundar diálogo com absolutamente todos os chefes de estado do mundo. Manteve boa relação com Palestina e Israel, de Raúl Castro a George W. Bush, passando por Hugo Chávez e Nicolas Sarkozy.
Lula entregou em 2010 um país fora do mapa da fome, com cerca de 385 bilhões de dólares em reservas cambiais, dólar custando R$ 1,66 (o que nem era tão bom assim), PIB de 2,1 trilhões de dólares (se colocar a diferença de câmbio de 2010 para hoje, o PIB brasileiro era maior 10 anos atrás!). Ou seja, não foi o PT que quebrou o Brasil, quem está quebrando o país, na verdade, é o Bolsonaro e a política de Guedes.
Bolsonaro hostilizava a esposa de um presidente de uma das maiores economias do mundo e um dos maiores parceiros do Brasil, a França, hostilizava aliados estratégicos de décadas, Alemanha, Argentina, Mercosul e o mundo árabe. Não satisfeito, ainda acelerou o empobrecimento da população. Não adianta se fechar para todos os países do mundo e achar que Estados Unidos e Israel irão segurar nossa balança comercial. Diga-se de passagem que a única coisa que, provavelmente, o Bolsonaro conseguiu indo para os EUA lamber as botas do Trump foi um possível coronavírus.
Era questão de tempo para a moeda derreter.
No dia 5 de janeiro deste ano eu cravei que até dezembro o dólar estaria orbitando os 6 reais. Mas agora o coronavírus acelerou, estamos no início de Março e o dólar já está custando mais R$ 5,60.
Mas não se enganem, o coronavírus será usado apenas como muleta deste governo de gangsters. A situação tende a piorar muito, e dessa vez não temos mais um Lula para gerar confiança no mercado. O Brasil vai passar por anos dramáticos.
O que acontece, na verdade, quando comparo Lula e Bolsonaro/ Paulo Guedes aqui, é que não preciso nem citar Marx ou algum intelectual ou economista de esquerda, mas novamente o Papa do capitalismo. É que parece que quem verdadeiramente leu e compreendeu Adam Smith, foi o Lula.
“A riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo e não pela riqueza dos príncipes.” — Adam Smith, A Riqueza das Nações.