Glenn Greenwald se demite do The Intercept denunciando censura

O assunto do artigo censurado pelos editores do Intercept coloca em questão a conduta de Joe Biden, candidato do Partido Democrático à presidência dos EUA

Imagem: O Partisano
por William Dunne

Hoje (29) o jornalista Glenn Greenwald anunciou que se demitiu do portal The Intercept, do qual ele foi um dos fundadores. Por meio de um artigo publicado na plataforma Substack, Greenwald explicou que decidiu sair, deixando para trás uma situação estável e confortável, porque: “editores do The Intercept, violando meus direitos contratuais de liberdade editorial, censuraram um artigo que escrevi essa semana”. (O artigo censurado também foi publicado no Substack).

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O assunto do artigo censurado pelos editores do Intercept coloca em questão a conduta de Joe Biden, candidato do Partido Democrático à presidência dos EUA. Isso, segundo Greenwald, com base em e-mails e testemunhos. Os editores do Intercept, por apoiarem essa candidatura impediram a publicação do artigo de Greenwald. O jornalista norte-americano sugeriu que eles publicassem artigos questionando as conclusões dele sobre Biden. No entanto, segundo ele, isso não foi aceito, e os editores exigiram também que ele não publicasse esse artigo em nenhum outro lugar.

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Resposta do Intercept

The Intercept respondeu ao Glenn Greenwald em um texto assinado pela editora, Betsy Reed. Segundo ela, Greenwald criou uma “narrativa” cheia de “distorções e imprecisões” para fazê-lo “parecer uma vítima, e não um adulto fazendo birra”. A editora também defendeu o Intercept da acusação de adesão à candidatura de Joe Biden afirmando que uma “breve olhada” nas reportagens do Intercept sobre Biden “refuta essas alegações”. E acusou Glenn Greenwald de se recusar a trabalhar em um “processo editorial colaborativo”.

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Liberdade de imprensa

Em sua carta de demissão, anexada ao artigo mencionado acima, Greenwald diz que, desde que começou a escrever sobre política, em 2005, a “liberdade editorial” é “sacrossanta” para ele. E quando fundou o The Intercept buscava dar essa liberdade a outros jornalistas. Agora, diz Greenwald, não só ele não conseguiu dar essa liberdade a outros jornalistas como ele mesmo terminou sendo censurado.

Marx dizia que “a primeira liberdade consiste em ela não ser um ofício”. Referia-se, claro, à imposição de uma pauta pelos capitalistas donos dos meios de comunicação. Desse ponto de vista, talvez a luta de Greenwald por uma imprensa livre seja utópica. Em qualquer caso, até aqui sua militância nesse sentido já produziu lances épicos, como as revelações de Edward Snowden ou o escândalo da Vaza Jato aqui no Brasil.

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Texto atualizado às 16h46

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