Cinco mil protestam em Barcelona pela liberdade de Pablo Hasél

Detenção de rapper desencadeou manifestações em várias cidades da Espanha, nossa reportagem acompanhou o ato na capital catalã direto das ruas

Imagem: Twitter
por William Dunne e Ian Muffo

Na noite desta terça-feira (16), em Barcelona, capital da Catalunha, cerca de 5 mil pessoas se juntaram ao protesto contra a detenção do rapper Pablo Hasél. O músico foi preso de manhã na Universidade de Lérida, a 150km de Barcelona, levado pela polícia para cumprir uma pena de nove meses de cadeia por ter criticado o rei emérito da Espanha, Juan Carlos, e colocar referências a grupos armados em suas letras (o que o tribunal considerou “glorificar o terrorismo”). Sua prisão provocou protestos também em Lérida, Girona, Valência. Em Barcelona, por volta das 7 horas da noite no horário local, mil pessoas já se concentravam na Praça Lesseps para a manifestação, em meio a palavras de ordem como “liberdade para Pablo Hasél!” e “Viva a Catalunha antifascista”.

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Logo a polícia apareceu para reprimir o ato. Conforme a manifestação avançava pelas ruas da cidade, os manifestantes bloqueavam ruas com objetos aos quais ateavam fogo, para atrasar o avanço da polícia. A polícia atirou com balas de borracha, que foram respondidas com garrafas e outros objetos arremessados contra os policiais. Uma guerra urbana pela liberdade de expressão, diante de uma condenação por causa de letras de rap e postagens na Internet.

Como disse um jovem de 16 anos presente no ato, “é muito grave o que está acontecendo. Em nenhum país da Europa colocaram um cantor atrás das grades por causa de umas palavras”, complementando que “é preciso sair às ruas, senão isso vai continuar”.

O protesto reuniu todas as gerações, como demonstrou uma senhora entrevistada por nossa reportagem, dizendo: “estamos sempre com os jovens porque os jovens têm que se manifestar”. Ela afirma que os manifestantes foram às ruas para protestar pela liberdade de expressão, contra um governo “cada vez mais ditatorial”. E faz um chamado aos brasileiros para lutar também contra a extrema-direita: “temos que lutar contra esses miseráveis assassinos que não têm nenhuma condição humana”.

O caso de Pablo Hasél expõe o limite da chamada “democracia” na Espanha, um regime que chega ao ponto de prender alguém por uma letra de rap. E expressa também a tensão criada pela repressão ao separatismo na Catalunha, que nas eleições do último domingo (14) levaram pela primeira vez os partidos independentistas a somarem mais de 50% dos votos. Em 2017, os catalães decidiram em um referendo popular que a Catalunha deveria ser independente. A justiça espanhola respondeu mandando prender os líderes políticos da região que estavam à frente das instituições naquele momento. Durante os protestos de hoje, palavras de ordem relativas a isso também ressoaram pelas ruas de Barcelona. A “decadência do reino”, como diz Pablo Hasél em uma de suas músicas, deve continuar alimentando a crise em uma Europa agitada por uma crise econômica e política em que tudo o que os regimes têm a oferecer é mais repressão.

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