Chavistas recuperam a Assembleia Nacional

Cinco anos depois da derrota nas eleições de 2015, deputados chavistas terão maioria absoluta (de mais de dois terços) na câmara única do país

Rayner Peña / EFE
por William Dunne

Depois de cinco anos, o chavismo recuperou o controle da Assembleia Nacional nas eleições realizadas ontem na Venezuela. O Grande Polo Patriótico (GPP), bloco chavista liderado pelo Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV), partido do presidente Nicolás Maduro, com 82,3% das Urnas apuradas, ficou com 3.558.320 de votos, 67,6% do total. Com essa proporção expressiva dos votos o PSUV deve ficar com maioria absoluta (maior que dois terços) na câmara única do país, de modo que o governo terá mais facilidade para agir daqui em diante.

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As eleições foram boicotadas por parte da oposição, e acabaram terminando com participação de 31% dos eleitores (em 2015 foi de 71%). Embora a participação seja historicamente baixa na Venezuela, onde o voto é facultativo, o comparecimento às urnas foi notavelmente pequeno. Alguns fatores explicam esse resultado: primeiro, o próprio boicote da direita, que tirou do pleito os votos direitistas que, de qualquer forma, seriam minoritários (daí a manobra para tentar deslegitimar o processo); segundo, o fato de o voto ser facultativo, especialmente desestimulante em eleições das quais parte da oposição se retirou; terceiro, a pandemia de Covid-19, que deve ter desestimulado muitos eleitores mesmo com as medidas sanitárias adotadas.

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Da parte da direita golpista, essa não foi a primeira vez que aconteceu um boicote. Em 2005 também houve um boicote, nas mesmas eleições legislativas, quando Hugo Chávez governava havia seis anos. A participação naquele pleito foi similar à de agora, com 31% dos eleitores exercendo seu direito ao voto. Do mesmo modo que agora, já tinham o cálculo de que perderiam as eleições (Chávez havia derrotado uma tentativa de golpe de Estado três anos antes), e preferiram tentar deslegitimar o voto popular. A popularidade do governo e de Chávez, no entanto, era um fato inegável naquele momento.

Guaidó sem mandato

Em qualquer caso, com participação baixa ou não, a votação seguiu as regras do jogo. Os votos nulos não ganham cargos e o chavismo terá tranquilidade agora com uma maioria absoluta consolidada no Legislativo do país. Além disso, o mandato de Juan Guaidó, deputado da Assembleia Nacional, terminaria no mês que vem. Com isso, a farsa das potências estrangeiras que procuram interferir na Venezuela de reconhecer Juan Guaidó como presidente fica ainda mais comprometida. Era seu cargo de presidente da Assembleia Nacional que vinha usado para emprestar alguma legitimidade ao “presidente”. A partir de janeiro, sua “presidência” será baseada em nada. Se EUA e União Europeia continuarem não reconhecendo a autoridade de Nicolás Maduro, criarão a situação em que, para eles, a Venezuela não teria governo nenhum.

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Os números

Atrás do bloco governista, em segundo lugar ficou a Aliança Democrática, que terminou com 17,9% dos votos (944.665). Em terceiro, a Aliança Venezuela Unida, com 4,2% (220,502).  Em seguida, a Alternativa Popular Revolucionária, liderada pelo Partido Comunista da Venezuela, com 2,7% (143.917). Os outros partidos, somados, ficaram com 6,8% (357.609). De acordo com as 82,3% de urnas apuradas até agora.

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Uma tremenda vitória eleitoral

O presidente Nicolás Maduro, durante uma celebração do resultado, lembrou que a realização das eleições era obrigatória segundo a Constituição, e comemorou a “tremenda vitória eleitoral” do chavismo. “Temos uma nova Assembleia Nacional, a serviço da maioria”.

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