Associações lançam nota de apoio à professora Larissa Bombardi

por William Dunne

Diversas entidades científicas publicaram conjuntamente um documento ontem (22) manifestando apoio à pesquisadora Larissa Mies Bombardi, professora do Departamento de Geografia da USP que estuda os efeitos dos agrotóxicos na população e no meio ambiente. Os resultados das pesquisas de Bombardi atingem grandes interesses econômicos, pois demonstram a correlação entre o uso de agrotóxicos e o envenenamento do solo e da água, afetando as populações com a incidência de câncer, alterações genéticas e nascimentos com malformação. A pesquisadora vem sofrendo ameaças e intimidação, e por conta disso está sendo obrigada a sair do país para buscar se proteger.

A nota denuncia que atacar a ciência “passou a ser o modus operandi de muitas frações da sociedade, de determinadas empresas e do governo federal cotidianamente”. E que muitos pesquisadores passaram a ser perseguidos pelas conclusões inconvenientes de seus trabalhos científicos.

“Muitos pesquisadores e pesquisadoras passaram a sofrer perseguições, ameaças, assédios, processos judiciais e campanhas de desmoralização devido ao resultado de suas pesquisas científicas – sendo que essa realidade não é exatamente recente, mas potencializada na atual conjuntura.”

Em uma carta aberta ao Departamento de Geografia da USP, Larissa Bombardi relatou que, depois de publicar o atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, em 2017, passou a ser alvo de ataques, intimidação e ameaças.

“Recebi indicação de lideranças de movimentos sociais para que eu evitasse os mesmos caminhos, alterasse os meus horários e a minha rotina, de forma a me proteger de possíveis ataques dos setores econômicos envolvidos com a temática sobre a qual eu me debruço.”

É diante desse quadro que surgiu a manifestação assinada por uma série de associações científicas em solidariedade com a pesquisadora. O documento é assinado pela Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Geografia (Anpege), Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), Rede Irerê de Proteção à Ciência, Fórum das Ciências Humanas, Sociais, Sociais Aplicadas, Letras, Linguística e Artes (Fchssalla), Associação Brasileira de Agroecologia (Aba), Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), Confederação Nacional de Entidades de Geografia (Coneeg), União Geográfica Internacional (UGI – Comisión de Estudios Latinoaméricanos Y Caribeños), Grupo de Trabalho Pensamiento Geográfico Crítico Latinoamericano (GT – Clacso) e Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso) – Frente Latino-americana e Caribenha em Luta pela Democracia e pelos Povos.

Confira abaixo a íntegra da manifestação:

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