De cada dívida com os bancos ou agiotas surgem agendinhas da Frida Kahlo, da Mafalda, com fotos da família ou com orações do Smilinguido

por Bibi Tavares
Paulo Guedes vai salvar a nação brasileira de uma das maiores crises econômicas já enfrentadas no país, cujo saldo é um amontoado de desempregados e gente morta ou abalada psicologicamente. A nação nazicrente irá, finalmente, testemunhar o crescimento de 80% do PIB, além de assistir à indústria nacional se reerguendo de uma vez por todas, dando um lugar especial para as exportações. Como isso vai acontecer? Simples, depois de tantas manobras, o ministro da Economia resolveu dar um incisivo empurrãozinho para que a população empreendesse de forma mais, digamos, artesanal. Dessa forma o Brasil será destaque na exportação mundial de pão de mel, bolo de pote e agendas personalizadas.
Máscaras de proteção também irão ocupar um considerável espaço na economia brasileira, mas será uma coisa mais restrita ao Brasil mesmo. Seja bordada com lindas florzinhas ou com a imagem do seu time de futebol do coração, nem tão cedo esse artefato deixará as prateleiras das lojinhas, mercados, armazéns, semáforos, camelôs da 25 de março, páginas do Facebook e Instagram. Essa prospecção se dá devido ao fato de a vacina contra a Covid-19 nunca chegar ao Brasil de forma plena, fazendo com que o vírus evolua em mutações eternas, sendo assim, a máscara acompanhará as faces flageladas dos brasileiros até, pelo menos, 2048.
Essa guinada ao PJotismo Cultural será o resultado da política de despedida aplicada de forma mais profunda por Jair Bolsonaro, cujo principal objetivo é se despedir de todas fábricas e empresas multinacionais instaladas no Brasil. Pode parecer uma política trágica ou insegura para a economia do país, mas tudo é uma questão de perspectiva. Às vezes, temos que criar situações que nos façam sair de nossa zona de conforto para aprender novas técnicas e até crescer profissionalmente. E foi isso que o governo Bolsonaro fez.
Despedidas
De um ponto de vista mais pessimista, tudo degringolou de vez quando a Ford anunciou que estava se retirando do Brasil, levando embora 5 mil empregos diretos, e mais centenas de empregos indiretos, em 2021 — antes disso, ela já havia encerrado as atividades de sua fábrica em São Bernardo do Campo, em 2019. E antes dela, outras multinacionais saíram de fininho total ou parcialmente com suas fábricas de solo brasileiro, como a Nikon e a cerveja japonesa Kirin em 2017, a Fnac em 2018 e Mercedes Benz, Forever 21, Audi e Sony em 2020. Assim, os brasileiros se despediram de milhares de empregos.
Mas, como diz o ditado, quando Deus fecha uma porta, ele abre uma janela — provavelmente emperrada e rangendo —, e foi assim que a indústria de bolo de pote cresceu 100% no Brasil, nunca antes na história desse país pão de mel e agendas personalizadas foram tão essenciais à economia. De cada dívida com os bancos ou agiotas surgem agendinhas da Frida Kahlo, da Mafalda, com fotos da família ou com orações do Smilinguido. O bolo de pote ganha novos sabores e texturas, dando espaço até para receitas salgadas, como o bolo de pote de strogonoff, afinal, se tem algo que o brasileiro precisou aprender rápido foi a inovar com produtos de baixo orçamento.
China, Estados Unidos, França, Índia, Bélgica e Suíça, todos irão se curvar ao pão de mel brasileiro, cuja receita conta com um toque de boleto atrasado e alta do transporte público, elementos imprescindíveis para fazer a receita render. Paulo Guedes fará com que todos os metalúrgicos voltem a estudar, só que dessa vez esses inocentes proletários irão se aventurar na área do design de logos e papel de embrulho, afinal, será preciso lindas embalagens para os quitutes e mimos. Também poderemos exportar esses designers por um preço acessível, Elon Musk, China e o Camboja já demonstraram interesse em nossos trabalhadores. A indústria do papel de presente também tende a prosperar.
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