Bolsonaro não levou chifre, foi tudo parte de um acordo; entenda

Dia 7 não foi um fiasco do golpe de Bolsonaro, seus recuos posteriores fazem parte de um ardiloso plano de libertação do país, garantem apoiadores

Imagem: O Partisano
por William Dunne

Os meteorologistas que esperavam tempestades no dia 7 se deram mal. Faltou energia para o golpe de Estado, tudo culpa da “bandeira de escassez hídrica”. De modo que o “caminhoneiro” Zé Trovão virou Jô Vaga-Lume, um vagabundo com fogo no rabo para dar golpe de Estado, mas sem força para tal. Já sabemos quem foi a bunda brilhante por trás do golpe (ou vice versa), resta descobrir uma cabeça brilhante na arquitetura de um plano tão ousado.

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Falando em cabeça brilhante, uma semana antes dos atos antidemocráticos convocados pelo presidente, o ministro do STF Alexandre de Moraes decretou a prisão de Jô Vaga-Lume. O tempo fechou para o militante bolsonarista, que chispou do Brasil mais rápido que um raio e encontra-se foragido no México.

Ontem (10), o ministro Edson Fachin negou um HC (habeas corpus) para Jô Vaga-Lume pedido pelos deputados Major Vitor Hugo (PSL-GO) e Carla Zambelli (PSL-SP). O que sobrou para o “caminhoneiro” foi a HC, no feminino: Hora de Correr.

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Enquanto isso, Roberto Jefferson continua preso e o STF segue aberto e investigando bolsonaristas.

É um desfecho melancólico para a base bolsonarista, que queria ver Congresso e Supremo fechados para Bolsonaro fazer o que quiser. Os mais emocionados comemoraram uma notícia falsa sobre um suposto “estado de sítio” decretado por Bolsonaro, notícia criada para ver se a mentira se tornava um fato na vida real.

Felizmente para o país, faltou gás para o projeto autoritário de Jair. O que não é de se admirar, com o botijão de gás ultrapassando os R$100 em um Brasil que está prestes a chegar aos 10% de inflação. A desmoralização foi tanta que o Instituto Tireido constatou que João Amoêdo passou a liderar as pesquisas para as eleições de 2018.

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Salvando as aparências

Agora que o golpe deu chabu, conforme o previsto, o bravateiro está nu e precisa tentar salvar as aparências. Foi assim que surgiu a história de que o fiasco do dia 7, na verdade, não foi um fiasco. Bolsonaro teria mostrado “forte adesão popular” e feito um “pacto” com o STF e o Congresso, conforme explica o site ligado a Olavo de Carvalho Brasil Sem Medo. Depois de quase um dia inteiro de indignação dos bolsonaristas nas redes, alguns voltaram atrás apegando-se a essa versão delirante dos fatos. Quando os delírios bolsonaristas encontraram a realidade dia 7 deu no que deu: em nada. Agora os apoiadores remanescentes simplesmente entraram em estado de negação.

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É tudo questão de embelezar a realidade sob uma luz mais favorável. Assim, Bolsonaro não foi forçado a um recuo tático por fracassar miseravelmente. Ele pediu aos caminhoneiros para desbloquearem as estradas, elogiou a China e pediu desculpas ao STF, comprometendo-se por escrito com a democracia e a independência dos Poderes, porque está forte e impôs um pacto goela abaixo das instituições da República. Assim como é mentira a história de que teria levado um par de chifres de sua ex-esposa Ana Cristina Valle, que teria tido um caso com um bombeiro. Na verdade, eles tinham um acordo oculto, e um dia todos vamos entender. Inclusive, Bolsonaro mostrou força ao mobilizar o bombeiro.

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