Ruínas | por Fernanda Noal

#FlautaVertebrada: “cacos de almas / de vidas / cacos que sangram / que vibram”

Imagem: Riccardo Retez
por Fernanda Noal

não sei de que maneira estranha
encontram-se as ruínas
dos que ainda sonham
dos que ainda lutam
pra não sucumbir
esbarram no escuro de suas dores
confortam-se nos ecos
dessas mesmas ruínas
ao juntarem os estilhaços
ao som dos cacos eclodindo
cacos de almas
de vidas
cacos que sangram
que vibram
não desistem da cola
tampouco se importam
que as marcas fiquem à vista
pois são sentidas
são ardidas
são os remendos dos alicerces
que construíram como concreto
no peito dilacerado
não sei por qual razão estranha
essas ruínas se encontram
e os sofrimentos se abraçam
no trepidar das pálpebras
já cansadas
de suportar o peso
de tudo que os olhos veem.

 

Fernanda Noal é gaúcha e mora atualmente no interior paulista, em São Carlos. É artesã de linhas metafóricas e literais. Participou pelo Projeto Passo Fundo das Coletâneas de Contos de 2013 e 2017, e das Coletâneas de Poemas de 2013, 2015 e 2017. Escreve n’O Partisano quinzenalmente às quartas-feiras.

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