#FlautaVertebrada: “ainda há tempo / e tantas outras coisas / ainda há o brilho / o orvalho / e o reflexo da lua ainda descansa”

por Fernanda Noal
Nunca mais olhaste o céu noturno sob o orvalho
o brilho intenso das estrelas
em tua íris, espelhado
nem demoraste o olhar pausado
em constelações infinitas
estes olhos que estão presos
há anos-luz da memória sem consciência
como buracos negros
devorando galáxias
e planetas
ainda há tempo
e tantas outras coisas
ainda há o brilho
o orvalho
e o reflexo da lua ainda descansa
esperando ser notado
ainda há a ousadia dos recomeços
a insistência cíclica das órbitas
e a permanência das estrelas
que piscam, mas nunca apagam
mesmo depois de mortas.
Fernanda Noal é gaúcha e mora atualmente no interior paulista, em São Carlos. É artesã de linhas metafóricas e literais. Participou pelo Projeto Passo Fundo das Coletâneas de Contos de 2013 e 2017, e das Coletâneas de Poemas de 2013, 2015 e 2017. Escreve n’O Partisano quinzenalmente às quartas-feiras.