#FlautaVertebrada Ah como arde o olhar que após muito pairar, muito embriagar-se de miragens, repousa longe de mim ao fim do horizonte onde meu abismo me espera

por Fernanda Noal
Não há beleza no horizonte que trêmulo se apresenta
Não há encanto nesse céu rubro que me desorienta
Embora eu veja
Ao longo do caminho
Flores cobertas de espinhos
Antecipo em meus sentidos primitivos seu aroma
Identifico parte minha na metáfora que cantam em silêncio
Essa beleza estonteante é enferrujada
E protegida pelo pontiagudo escudo que nos previne de viver
Ah como arde o olhar que após muito pairar
muito embriagar-se de miragens
Repousa longe de mim ao fim do horizonte
Onde meu abismo me espera
Ora recuo e pisco
Ora corro
Mas, já não estagno prostrada ao som do vento
Raras vezes me permito estremecer em vão lamento
Acho que cresci sem nem mesmo me notar maior nessa sombra que me acompanha
Não há beleza nessa dor
Mas, a metáfora estremece constrangida por esse ardor
Que paira entre a corrente de ar que ainda há de nos encontrar:
Perfume, espinho e flor.
Fernanda Noal é gaúcha e mora atualmente no interior paulista, em São Carlos. É artesã de linhas metafóricas e literais. Participou pelo Projeto Passo Fundo das Coletâneas de Contos de 2013 e 2017, e das Coletâneas de Poemas de 2013, 2015 e 2017.