[multiculturalismo] | por Helena Arruda

#FlautaVertebrada: “entre meu eu e seu outro / descubro um pouco de mim / : cigana de olhos oblíquos / pintados de rímel”

Imagem: egrLobato
por Helena Arruda

entre o eu e o não-eu
descubro o sentido da margem
descubro o sentido da luta
da terra
do homem
entre o eu e o outro
descubro um pouco de deus
na antimatéria

[montanhas andaluzas]

entre meu eu e seu outro
descubro um pouco de mim
: cigana de olhos oblíquos
pintados de rímel
borrados de mel
do sol do poente
crepúsculo
que cobre de cores
a dança espanhola
em torno do fogo
de um deus ancestral
descubro entre meu eu e
seu outro
minha identidade plural.

 

Helena Arruda nasceu em Petrópolis. É mestra e doutora em Literatura Brasileira (UFRJ). Poeta, contista, ensaísta, é autora dos livros Interditos – poemas (2014); Mulheres na ficção brasileira – ensaios (2016), ambos pela Editora Batel; Corpos-sentidos (2020), Editora Patuá; Suas publicações mais recentes constam em Ficção e travessias: uma coletânea sobre a obra de Godofredo de Oliveira Neto (7Letras, 2019), Ato Poético (Oficina Raquel, 2020) e Ruínas (Patuá, 2020). Escreve n’O Partisano quinzenalmente às quintas-feiras.

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