#FlautaVertebrada: “a cada gota desse sangue a jorrar, a cada vez que calamos injustiças, a cada macabra complacência, seja por maldade ignorância ou demência, deus morre de novo”

por Fernanda Noal
em quais mentiras que contamos pra nós mesmos
acreditamos?
de tantos medos e covardias
confortáveis fugas
incontáveis dúvidas
será que ainda sabemos quem somos?
enquanto vemos escorrendo e jorrando nosso próprio sangue
consumando em sangue toda a ignorância e ganância
todo preconceito disfarçado
o horror, o pavor
o medo do verdadeiro progresso
da verdadeira evolução
que seria sermos todos irmãos
o deus que está acima de todos
está desde sempre morto
e a verdadeira divindade
é a totalidade de tudo que há
todos os fios que nos tecem e interligam
a cada gota desse sangue a jorrar
a cada vez que calamos injustiças
a cada macabra complacência
seja por maldade
ignorância ou demência
deus morre de novo
e renasce em bela e inesperada flor
e no olhar do expectador
que tem a grandeza e a sutileza
de observá-la e preservá-la.
Fernanda Noal é gaúcha e mora atualmente no interior paulista, em São Carlos. É artesã de linhas metafóricas e literais. Participou pelo Projeto Passo Fundo das Coletâneas de Contos de 2013 e 2017, e das Coletâneas de Poemas de 2013, 2015 e 2017.