#FlautaVertebrada: “Amar é vendaval de poeira cósmica / É mar de areia / Esfola, resseca, muda de órbita / Navega, passeia, devora / Como uma tempestade que acaba no mar azul”

por Fernanda Noal
O nosso tempo é breve
E o nosso canto é triste
Sempre foi
Desde antes do entendimento
Muito antes do reconhecimento
Dessa tristeza sem encanto
Nossos olhos são covas
Nossos sonhos são gastos
Sempre foram
Desde antes de enxergarmos
Muito antes de sonhá-los
No abstrato do pensamento
Amar é vendaval de poeira cósmica
É mar de areia
Esfola, resseca, muda de órbita
Navega, passeia, devora
Como uma tempestade que acaba no mar azul
Minhas palavras são destroços
Meus verbos são cacos
Pequenos fragmentos
Espalhados por todos os lados
Perdidos dos seus encaixes
E dispersos ao acaso
Não fazem sentido nenhum.
Fernanda Noal é gaúcha e mora atualmente no interior paulista, em São Carlos. É artesã de linhas metafóricas e literais. Participou pelo Projeto Passo Fundo das Coletâneas de Contos de 2013 e 2017, e das Coletâneas de Poemas de 2013, 2015 e 2017. Escreve n’O Partisano quinzenalmente às quartas-feiras.