Desejos | por Felipe Mendonça

#FlautaVertebrada: “És minha fonte / Onde me bebo / E mato-me a sede / De horizontes”

Imagem: Jelena Galkina
por Felipe Mendonça

A relva macia
E o menino que nu
Se deita nela de flanco.
É Batilos,
Vinho, Dionísio,
A beijar-me os mamilos.

É Batilos
De amorável aspeito,
Afago meigo
A libertar-me do peito
Todo o desejo e prazer
Que eu reprimia em segredo.

Lado,
Frágil lábio
Que me transportou ao festim
De cálices, liras,
Risos e mimos,
Que enfim
Deu-me de volta
A parte que faltava em mim.

Ah, amado,
Como é bom
Sentir nossas coxas tão próximas,
Teu hálito morno
Na minha nuca
A me fazer cócegas,
Teu jeito louco,
Sem dono,
Em busca de aventuras.

Ah, meu efebo,
Me ensinaste a amar
Sem medo,
A me tornar
Amável e ledo,
A me deixar levar
Por teus beijos e folguedos.

És minha fonte
Onde me bebo
E mato-me a sede
De horizontes,
Teu corpo livre
Aos meus desejos,
Teu corpo vive
Para meus beijos!

Ah, Batilos,
Maravilhoso vinho,
Menino,
És hoje meu canto,
Meu hino,
O ser onde gozo
E me rejubilo.

 

Felipe Mendonça é poeta e ensaísta brasileiro, nascido em 1976, em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, que cresceu no Rio de Janeiro no bairro da Ilha do Governador. Hoje vive em Belford Roxo/RJ. É mestre e doutor em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Administra um blog de poemas chamado “Poesia, necessário pão” em que publica poemas de sua autoria, tendo publicado em 2018, pela Chiado Books, um livro de poemas intitulado “Reescritos”. Escreve n’O Partisano quinzenalmente às segundas-feiras.

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