#FlautaVertebrada: neste dia 1º de janeiro, ano novo, uma contemplação do passar dos dias e a experiência humana diante do transcorrer do tempo

por Deborah Dornellas
eu me chamo ontem:
ainda não me curei do tédio
eu me chamo hoje:
não tenho mais memória
eu me chamo amanhã:
aprendi a esticar o tempo
eu me chamo nunca:
escondo-me entre os vivos
eu me chamo sempre
desprendo-me do fio
Deborah Dornellas, carioca criada em Brasília, vive em São Paulo desde 2011. É escritora, jornalista, tradutora e aprendiz de artista plástica. Por cima do mar (Patuá, 2018), seu romance de estreia, venceu o Prêmio Literário Casa de las Américas 2019, na categoria “Literatura Brasileira”. Escreve n’O Partisano quinzenalmente às sextas-feiras.