Bruxas da noite | por Felipe Mendonça

#FlautaVertebrada: uma homenagem às aviadoras soviéticas que combateram os nazistas durante a Segunda Guerra

Imagem: Reprodução
por Felipe Mendonça

Bruxas da noite,
Bruxas soviéticas,
Destemidas aviadoras
Sob o comando
De Marina Raskova.

Atacavam, à noite,
Pilotando biplanos
Polikarpov
E realizando
Grandes feitos

Como Khamiokova
Que foi
A primeira aviadora
A abater, à noite,
Um JU 99
Sobre penínsulas
E estreitos.

Voavam, suicidas e letais,
Levando pavor
A Steinhoff
E seus oficiais.

A planar,
Leves e furtivas,
Em silêncio,
Em suas vassouras
Voadoras

Sem que qualquer radar
Lhes detectasse os movimentos
E a aproximação,
Enquanto voavam, sós,
No vento.

Pois, mesmo
Em desvantagem,
Faziam rápida torção
E escapavam
De hábeis ases
Nas mais velozes
Aeronaves.

Pilotavam, com coragem
E extrema habilidade,
Como Nadia Popova
E suas camaradas,
Em decisivas vitórias
Nos céus da Anatólia.

Sabiam
Que, se fossem
Atingidas,
Morreriam
Na queda
Ou queimadas
Em seus cockpits
De madeira.

Pois, para serem
Mais leves e ligeiras,
Voavam intrépidas,
Sem paraquedas,
E vermelhas.

Mesmo assim,
Estavam sempre prontas
A infligir
Terríveis danos
Ao inimigo
E a despejar bombas
Sobre seus crânios.

Aviadoras de nachthexen
A mandar pelos ares
Monstros do capitalismo
E as cadelas de Belsen!

 

Felipe Mendonça é poeta e ensaísta brasileiro, nascido em 1976, em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, que cresceu no Rio de Janeiro no bairro da Ilha do Governador. Hoje vive em Belford Roxo/RJ. É mestre e doutor em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Administra um blog de poemas chamado “Poesia, necessário pão” em que publica poemas de sua autoria, tendo publicado em 2018, pela Chiado Books, um livro de poemas intitulado “Reescritos”. Escreve n’O Partisano quinzenalmente às segundas-feiras.

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