#FlautaVertebrada: “tudo o que há é olhar e solidão contra o fundo de areia que pisas no mesmo instante em que brumas róseas te surpreendem desenhando verões”

por Sergio Rocha
Atalaia
(ou, para não dizer que não falei de Aracaju)
Há entre o azul e o outro tom que ondula mais abaixo um muro e só
Um muro erguido de água, sal e visão
Um salto de olhar que longe vê ilusões de mar alto
Sobressalto anoitecendo luas
Clareando olhares admirados de mar entre as cores que abismam paredões
No olhar requebros escorrem pelo canto da boca entre uma e outra loira
São morenas, brancas, pretas em desfile e desvario de banhos, moças roliças suando sabores de gestos multicores entre o azul e o outro som dos pássaros que espiam e tudo o que há é olhar e solidão contra o fundo de areia que pisas no mesmo instante em que brumas róseas te surpreendem desenhando verões
E dentro do outro tom de ondas caleidoscópicas guardam-se peixes, baleias e sereias de eras pretendidas pelo tato de quem se perde feliz num tempo de imensidão aquista às vistas de quem se enovela à tarde erguida de água e olhar
De tanto olhar torno-me elemento na tela
Na tela de tanto mar.
Sergio Rocha, paulistano dos altos de Santana, escritor, poeta, jornalista (de)formado pela Filosofia, mas principalmente pai da Mariana, Fernanda, Giovana e avô do Ravi. Tem dois livros publicados, “Terceiro fragmento”, J. Andrade Gráfica e Editora, 2012, Aracaju/Se e “Um poema depois da chuva”, Rusvel-Triver Studio e Editora, 2018, São Paulo/SP. Vem participando de várias antologias impressas e virtuais. Organiza o Sarau Santa Sede, ministra oficinas de criação literária e é editor na Casa Editorial Livrará.