Apesar de todas as flores | por Fernanda Noal

#FlautaVertebrada: “O tempo é paralelo aos desejos / Alheio às saudades / Contempla o espetáculo do renascimento / A cada simples momento”

Imagem: Gerald Friedrich / Pixabay
por Fernanda Noal

Apesar de todas as dores
Os dias amanhecem
Mesclando o céu com suas cores

Apesar de todas as lágrimas
Os sorrisos acontecem
Mesclando de aconchego suas lástimas

Que insistem em existir
Que insistem em desistir
Do consolo dos reparos
Do abandono dos fardos
Que não cabem mais nos ombros

O tempo é paralelo aos desejos
Alheio às saudades
Contempla o espetáculo do renascimento
A cada simples momento
Em cada espera
Em cada passagem
Em cada estrela
Que ilumina a miragem

Apesar de todas as flores
Os buquês envelhecem
Mesclando a paisagem

Desbotam como os sorrisos
Secam como as lágrimas
Exalam seus perfumes até cessarem

O tempo é inevitável
É impronunciável ausência
É inconsciente presença
Que nunca parte.

 

Fernanda Noal é gaúcha e mora atualmente no interior paulista, em São Carlos. É artesã de linhas metafóricas e literais. Participou pelo Projeto Passo Fundo das Coletâneas de Contos de 2013 e 2017, e das Coletâneas de Poemas de 2013, 2015 e 2017. Escreve n’O Partisano quinzenalmente às quartas-feiras.

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