Voto nulo, pra quê?

Ninguém fica menos inconformado com tudo o que está aí porque digitou uns botões na urna, participar das eleições não diminui nossas críticas ao sistema

Imagem: Stokkete
por Ivan Conterno

No próximo dia 29, Bruno Covas (PSDB) enfrentará Guilherme Boulos, do MTST. Covas está próximo de se reeleger na cidade de São Paulo. Se isso se confirmar, teremos mais 4 anos de um violento aumento da miséria na maior cidade do país. 

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A alta taxa de abstenções, votos brancos e nulos é uma das principais ajudas que o PSDB recebe. No primeiro turno, mais de 40% dos eleitores não escolheram nenhum dos candidatos. Com isso, uma pequena parcela dos eleitores da cidade (19,5%), concentrados nos bairros nobres, liderou nas urnas. No entanto, pelo menos 17,5% dos eleitores votaram contra essa política.

Bruno Covas

João Doria, eleito em 2016, e Bruno Covas, que assumiu no segundo ano de mandato, foram responsáveis pelo vertiginoso aumento no número de famílias morando nas ruas, diminuíram o número de integrações com o Bilhete Único e transferiram hospitais, parques e praças municipais para empresários. Um exemplo dessa política foram os 93,8 milhões de reais gastos com a reforma do Vale do Anhangabaú, que logo depois foi entregue a um grupo de empresários que pagou 6,5 milhões. Até o leite das crianças foi cortado! Mesmo assim, nenhum desses cortes resultou em outros programas que beneficiassem a população. 

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Nas eleições em geral e ainda mais no segundo turno, somos forçados a votar em quem não concordamos totalmente. Não precisamos ser fiéis a nenhum princípio do candidato. Porém,  raramente temos a chance de votar em candidatos que se comprometem a enfrentar os altos aluguéis e as altas tarifas de transporte. Ainda menos agora, que os partidos burgueses aprovaram restrições para partidos do povo elegerem seus candidatos. Se alguém nunca tinha votado antes, essa é a hora.

Ninguém fica menos inconformado com tudo o que está aí porque digitou uns botões na urna. Obviamente, participar das eleições, mesmo não tendo esperanças nela, não diminui as nossas críticas ao sistema político. O Brasil passou por 25 anos de ditadura, na qual não se votava para prefeito nas capitais. É um direito que conquistamos, que é pouca coisa, mas que desperdiçamos. Inclusive não precisa de título de eleitor para votar. Qualquer documento com foto serve. Basta deixar a preguiça de lado.

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Guilherme Boulos

Do outro lado da disputa, Boulos já fez muito mais pelas famílias despejadas do que os políticos do PSDB. Como coordenador do MTST, ele ajuda famílias a botarem pressão e a conseguirem dentro da lei um terreno para morar. O que falta aos eleitores paulistanos é tomar uma decisão: a favor das pessoas mais carentes ou a favor das regalias aos grandes milionários. Não é possível dizer que não há alternativa. Vale mais a pena gastar alguns minutos do domingo dando um voto para alguém do povo do que aguentar mais quatro anos de ônibus caro e apertado. Vale a pena votar contra o descaso com a população que foi jogada nas ruas.

Quando os jornais defendem o Covas, só falam da experiência dele. A experiência dele é a de cortar o pouco que a prefeitura nos dava. A experiência que tivemos em quatro anos foi de humilhação. Nem pernilongo a prefeitura se dá ao trabalho de controlar. A cidade está abandonada, mas os jornais querem que os mais pobres fiquem em casa ou que vão à praia para não votar. 

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Pregar o voto nulo, nessas condições, é empurrar a população para uma situação na qual será impossível pagar o aluguel e fazer compras no mercado. Votar em alguém do povo permite pelo menos que a gente continue pedindo melhorias para a cidade.

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Com o Covas, nem implorando conseguimos alguma coisa: ele manda a PM calar a boca de todo mundo.

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