Atitudes de resistência e enfrentamento, como as de Ana Lúcia Martins, sem dúvida são e serão importantes para dissipar o clima criado pela extrema-direita no país

por William Dunne
A vereadora eleita Ana Lúcia Martins, do PT, foi a primeira mulher negra a conquistar o cargo na câmara municipal de Joinville. Nem todos, porém, ficaram contentes com esse feito na cidade do interior de Santa Catarina. Por meio de seu perfil no Twitter, a petista denunciou que vem sofrendo uma série de ataques racistas pelas redes sociais.
Ana Lúcia Martins denunciou que um dos perfis diz ser ligado a uma autodenominada “Juventude Hitlerista”.
Esse perfil fake destila no Twitter todos os tipos de preconceitos e discriminações possíveis, e em diversas situações deixa claro estar organizado com outras pessoas de Santa Catarina, em uma dominada “Juventude Hitlerista”.
— Ana Lúcia Martins 13180 (@analucia13180) November 18, 2020
Entre os ataques, Ana Lúcia Martins denunciou uma ameaça de morte, feita nos seguintes termos: “Agora só falta a gente matar ela e entrar o suplente que é branco”.
⚠️DENÚNCIA DE AMEAÇA DE MORTE ⚠️
Desde domingo, mesmo antes da divulgação oficial do resultado da eleição municipal de 2020, venho sofrendo uma série de ataques. pic.twitter.com/SA24KC4XLa
— Ana Lúcia Martins 13180 (@analucia13180) November 18, 2020
E contou que essa não foi a única ameaça de morte. Houve uma outra ameaça, que também evidenciava seu teor racista.
E para agravar, por meio de um perfil fake, recebi, por duas vezes, ameaças de morte, evidenciando que o problema central era eu ser a primeira mulher negra eleita da cidade.
— Ana Lúcia Martins 13180 (@analucia13180) November 18, 2020
Se essas ameaças covardes, feitas anonimamente por racistas, tinham o objetivo de intimidar a vereadora petista, passaram muito longe de ter sucesso. Ana Lúcia, que se descreve em seu perfil como: “Mulher negra, antirracista, feminista, professora e servidora pública aposentada. Sou incansável na luta pela justiça e transformação social”, reiterou sua disposição para lutar dizendo que segue “com coragem e disposição para defender os direitos da população negra, das mulheres, da juventude, da população periférica, Imigrantes e refugiados e da classe trabalhadora.”
Seguimos firmes, com coragem e disposição para defender os direitos da população negra, das mulheres, da juventude, da população periférica, Imigrantes e refugiados e da classe trabalhadora.
— Ana Lúcia Martins 13180 (@analucia13180) November 18, 2020
Exemplo
O bolsonarismo recuou nestas eleições municipais, com a grande maioria de candidatos apoiados por Jair Bolsonaro perdendo nas grandes cidades. Pode-se argumentar que isso seja simplesmente a burguesia guardando seu cão de guarda na jaula. Mas isso certamente não explica tudo. Atitudes de resistência e enfrentamento, como as de Ana Lúcia Martins, sem dúvida são e serão importantes para dissipar o clima criado pela extrema-direita no país. Todo apoio e solidariedade à companheira Ana Lúcia Martins.