Política de Bolsonaro é um sucesso, atingiremos 400 mil mortos hoje

Um ano depois do “e daí”, da “gripezinha” e da crise “superdimensionada”, passando por campanhas contra vacina, máscara e isolamento, resultado está aí

por William Dunne

É inevitável, a contagem dos mortos de hoje levará o total de vítimas fatais da pandemia de Covid a passar de 400 mil pessoas. Ontem o número ficou em 398.343, com 3.019 novos óbitos registrados. O patamar que será atingido hoje acontece um ano e um dia depois do “E daí?” de Bolsonaro. No cercadinho do Alvorada, Bolsonaro, ao responder a uma questão sobre o número de mortos no Brasil, que naquela ocasião ultrapassava a China, devolveu a pergunta: “E daí? Lamento. Quer que eu faço o quê? Eu sou Messias mas não faço milagre!” Ao fundo, ouve-se no vídeo a risada de um dos apoiadores do presidente. Não se sabe ao certo qual seria a graça do que disse Bolsonaro, mas hoje é possível avaliar com mais precisão a dimensão do resultado do “e daí?” como política de enfrentamento contra o vírus.

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Pouco mais de um mês antes, Bolsonaro disse que a crise estava sendo “superdimensionada“. Depois viria o pronunciamento em rede nacional chamando a doença de “gripezinha”, a agitação contra o uso de máscara, a falta de um protocolo contra doença, a troca frequente de ministros da Saúde (quatro até agora), a campanha contra o isolamento social, a campanha contra a vacinação etc. etc. Enfim, uma combinação de omissão e sabotagem que superaram em muito a meta de Bolsonaro que dizia que “tem que matar 30 mil”. Bolsonaro dobrou a meta, e dobrou de novo, e dobrou outra vez, e mais outra, e outra.

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A rejeição ao presidente disparou nas pesquisas, ao mesmo tempo em que sua base mais fiel ficou mais radical, defendendo mais despudoradamente as teses mais extravagantes e anticientíficas, colocando em dúvida a eficácia de máscaras, isolamento e vacina. Nesse quadro, a polarização que se desenha para as eleições de 2022 se apresenta como um embate entre o bom senso e a loucura sectária e irracional dos apoiadores remanescentes do bolsonarismo. Lula, até hoje apresentado na imprensa como um polo extremo no espectro político, certamente aparece para muitos como a esperança de uma volta à normalidade, imagem que é corroborada por seu discurso diligentemente conciliador e moderado.

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Da parte de Bolsonaro, a política do “e daí?” tem se mostrado um inequívoco sucesso. O programa político da extrema direita sempre foi, em toda parte, a morte. Bolsonaro tem conduzido esse programa de maneira exemplar no Brasil. A CPI da pandemia instalada esta semana no Senado, que começará hoje os trabalhos, tem a chance de atribuir as responsabilidades de forma adequada, abrindo caminho para um impeachment e penalização na justiça.

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