Entenda mais sobre a tecnologia presente na máscara PFF2 (ou N95, se você estiver no EUA), que garante 95% de chances de nenhum vírus te atingir

por Bibi Tavares
No próximo sábado, 29 de maio, dezenas de partidos e organizações como Frente Brasil Popular, Povo Sem Medo, PCB, PSTU, PSOL, CUT, Levante Popular da Juventude, UNE e outros, estão convocando um ato pelo Fora Bolsonaro. Mais uma vez, as práticas genocidas do governo bolsonarista obrigam o povo a se manifestar nas ruas, mesmo em meio a uma pandemia. Diante da delicadeza do momento, todas as organizações estão enfatizando a adoção de medidas básicas de segurança sanitária para ir ao ato, como distanciamento de outras pessoas, utilização do álcool em gel e o uso da máscara, recomendando principalmente o modelo PFF2. Mas, você sabe o que é e de onde veio a PFF e porque ela é tão recomendada?
A sigla PFF significa proteção facial filtrante e não é um tipo de máscara específica, mas um padrão de respirador que dá origem para alguns modelos de máscara. Os modelos 3M azul (9820) e 3M Aura (9320), por exemplo, são proteções PFF.


Ambas possuem certificado do Inmetro, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, autarquia federal brasileira vinculada ao Ministério da Economia. São mais recomendadas principalmente por seu formato anatômico, que se ajusta de uma forma mais confortável no rosto. Pode-se dizer que fornecem uma proteção bem maior do que as simples máscaras de pano, pois são como uma peneira bem fininha, contudo, o segredo está em outra coisa. Independentemente do material, lembre-se que o uso de máscara durante a pandemia é essencial, toda proteção é pouca levando em consideração a falta de atenção do governo de Jair Bolsonaro à situação.
De Plínio, o Velho, para o Brasilzão de Jair, o Genocida
Alguns relatos de historiadores mostram que um naturalista e filósofo romano conhecido como Plínio, o Velho, já usava um tipo de máscara feita de pele de rim de carneiro, dois mil anos atrás. O objetivo era se proteger de gases tóxicos das misturas medicinais que ele fazia.
Na China antiga, o uso da máscara já se fazia presente em algumas ocasiões. Relatos de Marco Polo, do século 13, contam que o imperador chinês fazia com que seus servos usassem um pano no rosto, para não contaminar de alguma forma a comida ou alterar seu sabor.

Um pouco mais tarde, no século 14, a peste negra obrigou a população a adotar o uso de máscaras. Mesmo assim, essa pandemia foi responsável por cerca de um terço da população europeia. Um tipo de máscara da época tinha um formato um pouco diferenciado, tendo como característica principal um longo bico, parecido com o de um corvo. Algumas delas tinha flores na parte de dentro, para dar uma dar uma “purificada” no ar.
Em geral, as máscaras não eram tão diferentes das que temos hoje nos hospitais, cobrindo boa parte do rosto. Felizmente, a ciência avançou e o material das máscaras foi de pele de rim de carneiro ao que temos hoje, panos, TNT, etc.

A partir de 1930, as máscaras descartáveis entraram em circulação, mas foi somente em em 1958 que elas ganham um formato mais anatômico, graças à designer de produtos e educadora norte-americana, Sara Little. A lista de empresas famosas em que Sara teve contribuições é extensa, e conta com nomes como Ford, Coca-Cola, Pfizer, Motorola e Nasa.
Um pouco mais tarde, já em 1961, quando trabalhava na 3M, Sara lançou oficialmente o formato atual das máscaras de hoje, inspirado no bojo dos sutiãs! Na época, ao visitar com alguma frequência pareces adoecidos, ela notou o desconforto que profissionais da saúde tinham com suas máscaras. Tendo esse problema em vista, apresentou à 3M os desenhos e teve aprovação, contudo, incialmente essas máscaras era colocadas como proteção contra poeira somente.

Um pouco de física
O criador da N95 como conhecemos hoje é o taiwanês-americano Peter Tsai, um especialista na técnica do “tecido-não-tecido”. Em 1992, Tsai e sua equipe desenvolveram em laboratório um mecanismo para barrar micro-organismos nas máscaras. A ideia era adicionar eletricidade estática nas fibras do tecido, assim, quando muito provavelmente as partículas aerossóis tocassem a fibra, por ali ficariam. É como se a N95 funcionasse mais como uma teia de aranha, que retém insetos independentemente do tamanho deles, do que como uma peneira, onde as micropartículas podem acabar passando.
As diversas camadas de fibras “grudentas” da N95 possuem grandes chances de fisgar partículas grandes e pequenas, contudo, as médias quase dão um baile na técnica especial, o tal segredo dessas máscaras. No caso das partículas aerossóis grandes, por viajarem em linha reta devido ao seu tamanho, é totalmente garantido que acabarão presas em alguma dessas fibras. Já as pequenas, por serem tão leves, costumam viajar em ziguezague, quase quicando, o que possibilita ela ficar retida numa fibra, muito provavelmente. As de tamanho médio são um pouco mais preocupantes, pois viajam com o ar, ou seja, onde tiver um espacinho, ela podem acabar passando.

Onde está o segredo das N95, então? Elas podem atrair partículas de qualquer tamanho graças a técnica com eletricidade estática, de Peter Tsai. Nessas máscaras funcionam um campo eletromagnético onde até as partículas neutras se polarizam, arrastando-as para as fibras do tecido. Essas, por sua vez, funcionam como um imã de eletricidade, aumentando em quase 100% sua capacidade de filtrar partículas aerossóis, mais especificamente 95% – daí o nome N95.
Onde entra a PFF2 nessa história toda?
Bom, PFF2 é um padrão brasileiro de máscara certificado pelo Inmetro, as máscaras produzidas pela M3, por exemplo, seguem esse padrão, por isso são consideradas tão seguras. Além disso, a M3 participou do desenvolvimento da tecnologia dessa máscara. A N95 não existe no Brasil, nem é fabricada aqui, nem nada do tipo, pois se trata de um padrão americano, contudo, as especificações e qualidade são análogas às da PFF2. O nome 95N está popularizado por aqui apenas por serem máscaras parecidas esteticamente, mas o nome correto do padrão é PFF2.
Tem circulado pelos mercados, principalmente virtuais, uma máscara chamada KN95. Esse é um modelo chinês, sem o certificado do Inmetro, que não segue as mesmas especificações na N95 – ou PFF2. O fato de seu elástico ser daquele tipo que vai atrás da orelha – dessa forma, você pode saber se é KN95 OU N95/PFF2 – dificulta a vedação correta, portanto, é menos eficaz do que o padrão PFF2, cujo elástico vai em volta da cabeça.
A PFF é um tipo de máscara que não deve ser lavada, congelada ou passada. Também não se deve passar álcool, uma vez que isso pode prejudicar o filtro dela. Você pode utilizá-la por até 8 horas ou mais, caso ela não apresente umidade. Para “higienizá-la” para reutilizar, basta deixar num local arejado, onde não bata sol, por 3 a 7 dias. Por isso, recomenda-se ter algumas em casa, para dar tempo de qualquer vírus que esteja nela morrer.
Na rua neste 29M
A orientação das organizações de esquerda é utilizar essa máscara para conseguir juntar o máximo de pessoas possível em segurança. Apesar de toda essa preocupação e recomendação, existe uma discussão em torno da necessidade de um ato de rua em meio a uma pandemia, principalmente por essa ser uma tática da direita, que constantemente aglomera pessoas sem máscara nas ruas. Bom, a argumentação é completamente válida e faz total sentido, mas deve-se lembrar que as motivações são completamente distintas.
Enquanto a direita aglomera nas ruas para mostrar que não usar máscara é bobagem, que álcool em gel não funciona, que vacina chinesa vai transformar em jacaré e que a Covid-19 é invenção de comunista, a esquerda chama esse ato para justamente contestar toda essa premissa do governo bolsonarista. A luta é pela pressa na compra e produção de vacinas, pelo uso de máscara, pelo distanciamento social, para que o governo possibilite que as pessoas mais vulneráveis possam fazer um isolamento social direito, sem medo de ficar desempregada ou com a geladeira vazia.
Portanto, nesse 29M, vá de máscara. Se possível, leve outra de reserva na bolsa. Use e abuse do álcool em gel, tente ao máximo ficar longe das outras pessoas, a pelo menos um braço de distância. Se hidrate, grave tudo o que puder e Fora Bolsonaro.
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