O perigo das Revoluções Coloridas

Método imperialista de ingerência em países atrasados já foi utilizado diversas vezes, de modo que seus sinais podem ser reconhecidos e denunciados

Nuvens laranjas perto da embaixada da Bielorrússia em Kiev, dia 13 de agosto de 2020. Imagem: Oleksandr Polonskyi

por Coletivo Pensar a História

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A expressão “revolução colorida” era utilizada originalmente em referência às manifestações e crises políticas que atingiram as repúblicas da antiga União Soviética, a Iugoslávia e outros países do bloco socialista a partir da década de oitenta. Essas manifestações tinham como pautas a abertura econômica, a mudança do regime político e outras demandas que ecoavam os interesses dos Estados Unidos, dos países da Europa Ocidental e de todo o bloco capitalista, levantando a suspeita de que se tratavam de operações orquestradas ou instrumentalizadas por agentes políticos externos, como agências de inteligência e think tanks, com o objetivo deliberado de derrubar os governos socialistas.

Posteriormente, o termo foi ampliado para abarcar manifestações que visavam a substituição de governos não alinhados aos Estados Unidos e seus aliados europeus, ou que possuíssem diretrizes econômicas e políticas externas em desacordo com interesses das potências ocidentais. As revoluções coloridas costumam escamotear a defesa de pautas do liberalismo econômico e dos interesses do capital estrangeiro sob o pretexto de luta pelas liberdades democráticas, tais como a liberdade de expressão, ou de defesa dos direitos civis. Não raramente, essas manifestações são imbuídas de uma estética fortemente influenciada pela indústria cultural de massa e pelo recurso à simbologia capitalista.

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As revoluções coloridas podem ser financiadas, insufladas, cooptadas ou instrumentalizadas diretamente por agências governamentais e partidos políticos pró-Estados Unidos ou indiretamente, através de empresas, think tanks, veículos de mídia, formadores de opinião e organizações não governamentais – quase sempre em articulação com os movimentos de oposição locais e com a concordância de segmentos influentes da sociedade. Agências governamentais estadunidenses como CIA e USAID e organizações como a Open Society Foundations e National Endowment for Democracy são frequentemente citadas como operadores de revoluções coloridas.

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O sucesso dessas revoluções é variável, mas a ocorrência tem crescido nas últimas duas décadas, sobretudo em países emergentes, vistos como ameaças potenciais à hegemonia dos interesses estadunidenses, tais como China e Rússia. Diversos acadêmicos, historiadores e analistas políticos (incluindo Frederick William Engdahl) acreditam que o Brasil foi submetido a um processo semelhante entre 2013 e 2016. Governos de esquerda da América Latina, nomeadamente a Venezuela, também têm sido apontados como alvos de revoluções coloridas.

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Em geral, as revoluções coloridas se iniciam através de ondas repentinas e persistentes de grandes manifestações, eventualmente justificadas por denúncias de fraude eleitoral. Podem ser associadas também a greves, piquetes, locautes, sabotagens e boicotes, visando criar um clima generalizado de insatisfação, com forte apoio midiático e dos demais aparelhos ideológicos sob controle de elites aliadas ao capital estrangeiro. A insatisfação popular costuma ser instrumentalizada como apoio a um determinado grupo ou indivíduo da oposição política. A manutenção da intensidade da crise política é essencial para agravar as divisões internas e minar gradualmente as bases do governo que se pretende derrubar.

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