O barril de pólvora chamado Brasil

A tentativa de um autogolpe seria a sentença de morte de seu governo, mas com sérias consequências para o país

por Alexandre Lessa da Silva

Com a pandemia transformando o Brasil num verdadeiro cemitério a céu aberto, lotando chãos de hospitais e não tendo oxigênio suficiente para aqueles que mais precisam, Bolsonaro e sua família resolvem explodir o país.
São tantos acontecimentos explosivos que torna quase impossível sintetizar.

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Indícios de envolvimento de Jair Bolsonaro, com seus filhos Flávio e Carlos, no caso das “rachadinhas” ou peculato, a investigação do miliciano Adriano da Nóbrega confirmando o contato entre ele e assessores de Flávio Bolsonaro, inúmeras trocas de ministros no governo e a carta de 16 governadores denunciando o estímulo de autoridades federais para motins das polícias em seus estados são algumas das loucuras recentes. Além disso, tem a polêmica demissão do ministro da defesa Fernando Azevedo e Silva, em virtude da insatisfação de Bolsonaro com o chefe do Exército, o general Edson Pujol, pela sua falta de engajamento político, reunião dos comandantes das três forças, Exército, Marinha e Aeronáutica, para a discussão de uma renúncia conjunta, Bolsonaro querendo a cabeça do comandante do Exército, General Santa Cruz descartando o golpe, e tantos outros fatos que apontam o desespero do atual governo.

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Não há dúvida, o governo Bolsonaro rachou. Mais preocupante que isso, o Exército também está rachado. O chefe do executivo busca, com todas as forças manter o poder e, para tal, atira para todos os lados. Muda o comando do Itamaraty, tirando Ernesto Araújo e o substituindo por Carlos França, um diplomata sem expressão e ligado a ele mesmo, para tentar agradar o Senado e a Câmara. Coloca a deputada Flávia Arruda do PL na Secretaria de Governo da Presidência, agradando, assim, o Centrão. Demite o ministro da Defesa, general Azevedo e Silva, buscando maior controle do Exército. Faz mudanças no Ministério da Justiça e na AGU (Advocacia-Geral da União), tentando dialogar de forma diferente e muito mais agressiva com o Supremo, deixando perplexa a própria corte. Enfim, não sabe mais o que fazer para evitar o desmantelamento de seu governo. Aí, mora o perigo.

Bia Kicis, deputada bolsonarista golpista, incita, de forma explícita, a Polícia Militar da Bahia contra o comando do governador Rui Costa (PT), usando o surto de um soldado da PM, chamada por ela de herói, para promover um motim nas polícias estaduais. Bia Kicis apela, assim, para a base armada do bolsonarismo, composta principalmente das Forças Auxiliares, demonstrando assim o maior desejo de seu chefe, dar o golpe.

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Deve ser lembrado que está chegando a data, consagrada por eles em muitos livros escolares, de aniversário do Golpe Militar de 1964. O dia 31 de março, em virtude de todo folclore envolvendo o primeiro de abril, marca nas cartilhas militares o fim da democracia brasileira dos anos 1960. É evidente que o simbolismo da data atrai a personalidade patológica de Bolsonaro. Todavia, tentar um autogolpe, nas condições em que se encontra esse governo, é muita insanidade, até mesmo para Bolsonaro.

Bolsonaro tem o desprezo das potências estrangeiras, a questão da vacina o prova, já não tem o apoio popular que tinha no começo de seu governo, desagrada boa parte do mundo político e da mídia e, agora, conta as Forças Armadas rachadas e, em virtude de todo conflito criado por ele no exterior, incapazes de dar o apoio que tanto necessita.

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A tentativa de um autogolpe seria a sentença de morte de seu governo, mas com sérias consequências para o país. O momento pede o afastamento de Bolsonaro, por vias legais e políticas e, junto com isso, a garantia documentada que as Forças Armadas respeitarão tal afastamento. Afinal, chegou a hora de um mínimo de bom senso para as Forças Armadas, uma vez que o governo que está aí já destruiu o Brasil e todos nós sabemos muito bem quem foi que ajudou nessa destruição.

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