As estratégias da velha direita para recuperar seu protagonismo ficam cada vez mais aparentes, sempre se utilizando de velhas práticas envernizadas de novos nomes

por Beatriz Luna Buoso
Diante a crise sanitária, política e econômica que o país vem passando nos últimos meses, a velha direita aproveita para recuperar seu espaço no cenário político. Enfraquecidos desde a última eleição presidencial, a qual Jair Bolsonaro foi eleito, e o PSDB teve seu pior desempenho da história, partidos como PSDB, DEM e MDB vêm tentando novas estratégias.
Manifestos e fóruns de debates virtuais organizados por grupos que não saiam às ruas nem antes da pandemia, vêm brotando com um discurso genérico sobre “defender a democracia” do país. Os partidos citados acima – peças fundamentais no golpe de 2016 contra a ex-presidenta Dilma Roussef – procuram neste momento de crise enfraquecer o governo Bolsonaro e não derrubá-lo, a fim de saírem vitoriosos em 2022.
Para dar a impressão de uma frente realmente ampla e democrática, esses grupos liberais precisam do apoio até mesmo da esquerda, que numa posição muito equivocada permite que grandes nomes apoiem tais projetos.
“Juntos” e “Direitos já!”
O manifesto “Juntos” e o fórum “Direitos Já” reúnem vários intelectuais, artistas, políticos e até empresários que dizem terem se unido em “defesa da vida, da liberdade e da democracia”. Pouco surpreendente, entre os apoiadores encontram-se os tucanos em peso, e praticamente toda a equipe do governo do PSDBista Fernando Henrique Cardoso aparece.
Golpistas e bolsominions arrependidos também não ficam de fora. Uma mistura de Lobão e Reinaldo Azevedo para pior! Luciano Huck e Tábata Amaral também participam, claro. E caindo numa baita cilada, nomes importantes da esquerda aparecem também: Fernando Haddad (PT), Márcia Tiburi (PT), Guilherme Boulos (PSOL), Luíza Erundina (PSOL), Marcelo Freixo (PSOL), Jean Willys (PSOL), Flávio Dino (PCdoB), Manuela D’Ávila (PCdoB), entre outros, deixam as diferenças de lado, viram a página do golpe e dão as mãos para os golpistas.
Algumas características deixam bem claro o caráter desses movimentos, como a ausência da assinatura dos principais nomes políticos do país, como Lula e Dilma e do PT em geral, que tem participação mínima, já que a maioria dos dirigentes se recusaram a participar. A falta de crítica à política econômica de Paulo Guedes que vem destruindo o país e o silêncio sobre a criminosa operação lava-jato que prendeu injustamente o ex-presidente Lula e outras figuras importantes da esquerda também não são pautas. Nada é falado sobre o fraudulento processo de impeachment de Dilma e nada é falado sobre a convocação por adiantamento das eleições.
Os projetos são patrocinados pela grande mídia, como é o caso da Folha de São Paulo, que compara o movimento com o “Diretas Já”, a fim de atrair a esquerda. E a GloboNews, claro, que organizou debates sem convidar o PT, numa tentativa clara de isolar o maior partido da América Latina. A falta desses pontos citados acima deixa bem claro o problema do programa proposto nesses manifestos e fóruns.
Visando a adesão do maior número de apoiadores desde a direita neoliberal à esquerda, é necessário um programa mais reduzido, deixando de fora questões importantes que representam o interesse dos trabalhadores. Mas como falar em democracia hoje assim? Como falar em democracia se unindo aos criadores do antipetismo que ajudou a eleger Bolsonaro?
Falar em democracia sem atacar quem mais a ameaça, tira os direitos dos trabalhadores e desafia as instituições, é apenas falácia, conversa para boi dormir. Justamente por isso, o programa é totalmente sem unidade. Justamente por essa direita que faz oposição sem querer tirar Bolsonaro, defender a mesma política do governo atual. A mesma política econômica, entreguista, golpista, inimiga da classe trabalhadora.
Claramente também trata-se de um projeto que isola a esquerda, que está sendo usada para dar um “ar de legitimidade” e, consequentemente, dar força para o “renascimento” dessa velha direita no Brasil.
Os projetos são totalmente contraditórios. O “Juntos” diz: “invocamos que partidos, seus líderes e candidatos agora deixem de lado projetos individuais de poder em favor de um projeto comum de país” ao mesmo tempo que fala em liberdade. Os neoliberais não estão deixando de lado seus projetos. Muito pelo contrário, numa única jogada faz média com o centro (que também não é a favor do impeachment) numa oposição com Bolsonaro e isola a esquerda, que perde sua identidade e se enfraquece como alternativa democrática e popular para derrotar o fascismo no Brasil.
Uma reflexão importante a se fazer é pensar sobre o que aconteceria com a tal frente ampla caso fosse incluída em suas pautas as reais reivindicações da classe trabalhadora e o projeto político da esquerda. Assim como o impeachment de Jair Bolsonaro e a mudança na estrutura econômica que o país vive hoje, enfim, as questões centrais democráticas no Brasil. A frente não se sustentaria.
Em resumo, é tudo uma farsa, uma estratégia da velha direita. “Direitos Já” e o manifesto “Juntos” estão de acordo com a política do governo fascista e buscam apenas fazer pequenas manutenções, tendo em comum o mesmo inimigo: a esquerda.
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A esquerda deveria para não ser descartada, exigir por escrito e com divulgação nas mídias corporativistas a inclusão de pautas em defesa da Democracia, Soberania Nacional, retomada de direitos da classe trabalhadora, com o Fora Bolsonaro/Guedes bem como, a mea culpa desses partidos no desmonte do Brasil, pós golpe de 2016. Como não vão assinar, repercutir o fato é o suficiente para a História!