Sobre o significado da vitória de ontem, Evo Morales declarou que “recuperamos a democracia”. Agora cabe ao MAS “seguir com o processo de mudança”

por William Dunne
O ex-presidente da Bolívia Evo Morales está falando agora para jornalistas em uma conferência de imprensa convocada por ele em Buenos Aires, Argentina. Luis Arce, candidato de seu partido, o Movimento Al Socialismo (MAS), ganhou as eleições presidenciais de ontem com 53% dos votos, em primeiro turno. Um ano atrás, Evo Morales foi eleito presidente para mais um mandato, mas seu adversário Carlos Mesa (derrotado ontem de novo) não reconheceu o resultado, o que iniciou um movimento golpista que levaria Evo Morales a fugir do país 20 dias depois.
O pretexto para o golpe foi uma acusação de fraude eleitoral contra o MAS. Os golpistas tiveram apoio da Organização dos Estados Americanos (OEA) para isso, com a instituição colocando em dúvida o resultado das eleições na pessoa do Secretário-Geral, Luis Almagro.
Durante a conferência que está acontecendo agora, Evo Morales começou dizendo que os resultados eleitorais de ontem “mostrarem que não houve fraude [do MAS], mas golpe [da direita]”. Evo Morales denunciou as tentativas da direita de tumultuar o cenário político para adiar as eleições e tentar evitá-las, elogiando a atuação do MAS diante dessas tentativas, “suportamos e aguentamos provocações”. Recordando a violência durante os meses que se seguiram ao golpe, o líder do MAS lembrou que “usaram a Bíblia para roubar e matar”. E expressou seu espanto, “sou católico, não sei como foram capazes disso”.
Futuro
Sobre o significado da vitória de ontem, Evo Morales declarou que “recuperamos a democracia”. E agora cabe ao MAS a “responsabilidade de seguir com nosso processo de mudança”. As eleições ainda não têm um resultado oficial, mas as pesquisas de boca de urna mostraram a vitória de Luis Arce e a presidente autoproclamada Jeanine Añez reconheceu a derrota direitista, assim como a imprensa golpista. Ainda assim, diante de todo o esforço que a direita fez para dar o golpe ano passado, pode-se esperar novos movimentos golpistas.