A derrocada do bolsonarismo na maior cidade do país foi retumbante, com Russomanno muito atrás na disputa (10,49%)

por William Dunne
O candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo conseguiu ir para o segundo turno na votação de hoje na cidade, segundo pesquisa de boca de urna do Ibope, com 25% dos votos. Com um volume de apoio contundente, a se confirmar o resultado mostrado na pesquisa, o psolista chega com chances reais à disputa contra Bruno Covas, que ficou com 33% dos votos e foi colocado por João Doria na prefeitura. Por enquanto, com 57,77% dos votos apurados, Bruno Covas está com 32,81% dos votos, e Boulos com 20,35%. Márcio França vem em seguida com 13,65%.
A derrocada do bolsonarismo na maior cidade do país foi retumbante, com Russomanno muito atrás na disputa (10,49%). A polarização entre esquerda e direita, no entanto, está mais viva do que nunca, e Boulos personifica uma chance de a esquerda dar o troco nas urnas pelo golpe de 2016 e por Bolsonaro estar na presidência.
A posição dos eleitores na polêmica do 1º turno
A grande questão no meio do eleitorado de esquerda durante o primeiro turno foi apoiar ou não Boulos por meio do voto útil, já que ele era o mais cotado para conseguir chegar à disputa contra Covas. Havia até mesmo a defesa de que Jilmar Tatto retirasse sua candidatura, que teve um desempenho muito aquém do esperado para o tamanho do PT. Como mostra o resultado de hoje, muitos petistas certamente aderiram a essa estratégia eleitoral na hora do voto. De tal maneira que Boulos, que atraiu com sucesso a juventude durante a campanha eleitoral, aparece próximo de Covas o suficiente para realmente disputar a prefeitura de São Paulo.
Derrocada eleitoral da extrema-direita
Por si só, esse resultado mostra o recuo da extrema-direita e a dissipação do clima opressivo que tinha tomado conta do país com a chegada de Bolsonaro ao poder. Mesmo nas eleições, com todas as suas oportunidades de manipulação, a extrema-direita, com o governo federal na mão, não foi capaz de levar seu candidato muito longe. E teremos no segundo turno um “invasor de propriedade privada”, como a direita vai chamá-lo dia sim, dia também, a partir de hoje. Ou seja, teremos um candidato abertamente anti-bolsonarista, uma antítese do projeto neoliberal truculento que se instalou em Brasília. Como em outros países da América Latina, a extrema-direita recebeu uma resposta nas urnas.
A questão se materializou
A hipótese do segundo turno com Boulos se materializou. Saiu do plano da especulação e se coloca diante de todos nós como realidade. E agora? O que a esquerda vai fazer? Parte expressiva dos petistas certamente já apoiou Boulos no primeiro turno, são os números. Resta saber se a esquerda continuará vacilante e omissa agora que há uma chance real de derrotar Doria e Covas em São Paulo, com Bolsonaro já derrotado. Ou se haverá a união das esquerdas para vencer as eleições, em uma amostra do que pode ser 2022, conforme a vontade expressada pelo presidente Lula. Na segunda hipótese, as notícias serão alvissareiras.