Sérgio Moro aposta em discursos ultrapassados e tentativas vergonhosas de usar o Twitter, enquanto isso, Ciro e Doria juram de pé junto a si mesmo que têm chance contra o candidato petista

por Alexandre Lessa da Silva
A corrida eleitoral começou e o desespero dos candidatos já aparece com a constatação da imensa vantagem de Lula sobre eles. Algumas pesquisas já apresentam a vitória de Lula no primeiro turno; outras, dão a Lula uma vantagem de pelo menos 22 pontos no segundo turno. Seja como for, é certo que todas as pesquisas sérias, até agora, apontam Lula como o grande vitorioso nas eleições que ocorrerão no presente ano.
Leonardo Péricles do UP (Unidade Popular), o partido mais novo do Brasil e de orientação socialista, não aparece pontuando ou citado em nenhuma pesquisa, talvez por praticamente não ser citado pela grande mídia e por falta de dinheiro para impulsionar seu nome nas redes sociais. Todavia, não há muita diferença em relação a candidatos com muito dinheiro e prestígio na mídia corporativa, mas que não se destacam segundo as pesquisas.
Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Senado, assim como Felipe D’Avila, do Partido Novo, não chegam a pontuar na última pesquisa. Simone Tebet, senadora do MDB do Mato Grosso do Sul e uma das estrelas da CPI da Covid, assim como o senador Alessandro Vieira (Cidadania), delegado da Polícia Civil de Sergipe e outro destaque na mesma CPI, tem 1% das intenções de voto. André Janones (seja lá quem for) do Avante, deputado federal de Minas Gerais, chega a 2%, empatando com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), conhecido pela aplicação da primeira vacina, fora do período experimental, contra Covid em território nacional, pela farinata (uma espécie de ração para pobres) e a perseguição aos aposentados em seu estado.
Ciro Gomes do PDT, político conhecido que já passou pelo PDS (Partido Democrático Social), partido que substitui a sigla ARENA (partido que representava politicamente a Ditadura Militar de 1964), PMDB, PSDB, PPS, PSB, PROS, aparece com 3% das intenções, o que não torna sua candidatura viável, pelo menos no memento. Ciro, como a lista de partidos que foi filiado demonstra, tem um discurso esquizofrênico, ora seguindo o caminho da direita, ora aquele da esquerda ou do centro. A inconsistência de suas críticas também é outro ponto problemático: critica Moro por ter sido um juiz imparcial e corrupto que condena Lula para tirar vantagens pessoais e, praticamente no mesmo instante, acusa Lula de ser corrupto e que deveria estar preso. Além disso, não possui um grande apelo popular nem grandes financiadores. Apesar disso, o PDT, que está longe de ser o partido idealizado por Brizola, confirmou sua pré-candidatura, um enigma para muitos.
Sergio Moro (Podemos, pelo menos até agora), ex-juiz responsável pela prisão ilegal de Lula, considerado suspeito e incompetente pelo STF, com inúmeras suspeitas que vão desde colaborar ilegalmente com os Estados Unidos, agindo contra os interesses de seu próprio país, até aproveitar-se do seu cargo para proveito próprio (corrupção), aparece em terceiro lugar nas pesquisas, com 8% na última do PoderData. Moro é um pré-candidato que foi rapidamente abraçado pela mídia corporativa, mas, pelo que os números deixam muito claro, não conseguiu o mínimo para que se considere uma candidatura competitiva. A candidatura do ex-juiz é monotemática, Moro só sabe falar de corrupção com uma linguagem ultrapassada e que, caso fosse verdadeira, ele teria que pedir a própria prisão. Além disso, Moro, assim como Bolsonaro, disputa os votos da extrema-direita brasileira, sendo que Moro tem duas grandes desvantagens: ter sido membro do governo Bolsonaro e, assim, é visto por muitos como um traidor e, não menos importante, não consegue defender, como faz Bolsonaro, ideais que estão na ponta final da linha da extrema-direita, como os movimentos antivax, os supremacistas brancos e os neofascismos. Dessa forma, a candidatura Moro é restrita àqueles que ainda defendem o lavajatismo e seu potencial de crescimento é pequeno. A única forma de Moro realmente crescer nas pesquisas seria receber o apoio de Bolsonaro, o que seria uma jogada de gênio para a extrema-direita, mas todos sabem que isso não acontecerá.
Mesmo com robôs nas redes, Bolsonaro não vai longe
Bolsonaro, chamado de “genocida” nas redes, é o atual presidente e, com isso, tem a máquina pública em suas mãos e todos sabem que ele não tem vergonha de usá-la, mesmo fora dos limites estabelecidos legalmente. Por ainda ter uma força bem grande nas redes sociais, muito em função da ação de robôs que ajudam em suas postagens, utilizar o dinheiro público para fazer propaganda de seu governo e viagens pelo país, ser apoiado por um grupo grande de empresários e defender atividades fora da lei, Bolsonaro consegui chegar a 28% na última pesquisa, o que faz dele o segundo lugar na pesquisa e uma ameaça a uma possível vitória de Lula no primeiro turno, se tudo ocorrer conforme indicam as últimas pesquisas. Envolvido com uma série de acusações contra ele e sua família, como peculato (rachadinha), corrupção na compra de vacinas, advocacia administrativa, crimes contra a humanidade, crime de epidemia com resultado de morte, infração às medidas sanitárias preventivas, emprego irregular de verba pública, incitação ao crime, falsificação de documentos particulares, charlatanismo, prevaricação, inúmeros crimes de responsabilidade, entre outros, Bolsonaro é a maior vidraça da história do país. Apesar disso, tem um núcleo duro de eleitores muito consistente e, com o uso da máquina pública, de fake news e métodos que escapam ao escopo da lei, ainda poderá ameaçar a vitória de Lula. Trocando em miúdos, é certo que Bolsonaro jogará muito sujo em sua campanha.
Lula, com 42% no primeiro turno e derrotando todos os outros possíveis candidatos no segundo turno, está disparado à frente de todos os seus concorrentes. A população recorda dos governos do presidenciável do PT e, comparando com o governo atual, conclui o óbvio: a era Lula foi bem melhor do que qualquer coisa que tivemos no período que sucedeu o golpe contra Dilma. Além disso, há inúmeros outros pontos que são favoráveis a Lula, como a sensação de injustiça em relação a sua prisão praticada pela Lava Jato, o prestígio internacional de Lula, o discurso extremamente ancorado na economia, a defesa dos direitos dos trabalhadores e da camada mais pobre da população, a inclinação ao cancelamento de reformas neoliberais de Temer e Bolsonaro, responsável pelo empobrecimento da maior parte do país e o enriquecimento de poucos. Tudo isso faz de Lula o mais provável nome para ocupar a Presidência depois das próximas eleições.