Cedo ou tarde tinha que não acontecer. O encontro que não houve. O olhar que não foi trocado. O abraço que não foi dado. A carícia que não existiu. O desencontro inevitável. Era questão de tempo. O tempo devorou o que devia ser e não foi. O tempo passou e não deixou lembrança. Não houve fato a ser lembrado. A ausência matou o fato e a lembrança morreu junto. A morte, a própria morte, encontrou seu fim. Mataram a morte. A morte virou a lembrança que não vai ser. Antes virava um número. Agora nem isso. A morte é apagada também, dígito a dígito. Morre a morte, morre a vida com ela. O que não tem fim não tem começo. O caráter se dilui a cada caractere que vai ao ar, que é tirado do ar, a cada falta de ar. A realidade perde seu caráter no isolamento do lar. Deixamos de morrer a cada segundo. Deixamos, por isso mesmo, de viver a cada segundo. A estatística, essa é para poucos.