Chefe anti-covid da Suécia diz que número de mortos “não estava nos planos”

A Suécia tem hoje 23.918 casos confirmados de coronavírus, em uma população de pouco mais de 10 milhões de habitantes

Imagem: O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman
por Hugo Souza no Come Ananás

E eis que o epidemiologista Anders Tegnell, que coordena a estratégia anti-isolamento social adotada pela Suécia contra a covid-19, disse nesta quarta-feira, 6, que o alto número de mortes pela doença na Suécia é uma “surpresa”, que “não estava nos planos”, que a resposta do país à pandemia, de deixar o vírus correr solto, “não foi uma decisão consciente em favor de mais mortes”.

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A Suécia tem hoje 23.918 casos confirmados de coronavírus, em uma população de pouco mais de 10 milhões de habitantes, e até o fim desta quinta-feira, 7, o país deve ultrapassar a marca de três mil mortes. A vizinha Finlândia tem metade da população da Suécia, mas tem isolamento social e tem hoje 5.573 casos confirmados e 252 mortes.

A estratégia da Suécia de não chegar a baixar portas de escolas, do comércio, de praticamente nada, é fundamentada na ideia de que “as pessoas não são estúpidas”, que seguem os conselhos que lhes dão – no caso, o conselho de que se der, se for possível, se não for demasiado aborrecido, se não tiver mais nada que fazer, fique em casa.

“As pessoas não são estúpidas”, disse, encharcado de arrogância, outro epidemiologista viking, Johan Giesecke, consultor da Agência de Saúde Pública da Suécia. Talvez seja mais prudente, diante da morte, ficar com o diretor da trupe de teatro em “O Sétimo Selo”, do sueco Ingmar Bergman. Distribuindo papéis, o diretor diz ao ator Jof, mas poderia ser a Giesecke: “um idiota como você pode ser a alma humana”.

Uma pena. “O Sétimo Selo” esteve disponível até ontem, dia da “surpresa” na Suécia, gratuitamente no Medeia Filmes. Ainda sobre a alma humana – e sobre a economia e a vida -, quem conseguir assistir a “O Sétimo Selo” repare no comentário do mercador na taverna, sobre o avanço da peste negra:

“As pessoas estão morrendo como moscas. Não consigo vender nada!”.

E reparem também no que diz a própria Morte, quando um cruzado combalido, em busca de respostas, tenta conjecturar logo com quem:

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“Eu sou ignorante”.

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