Sabe quando você lê algo numa rede social e quer desler? Bem, seguramente você já escreveu algo que alguém quis desler. Por favor, não seja essa pessoa…

por Tim Urban para o Wait But Why,1 com tradução de Danilo Matoso
A lembrança é bem clara.
Era 31 de dezembro de 2013. Eu levava uma tarde tranquila, quando abri meu email. Uma amiga me encaminhara o que ela considerava uma postagem particularmente abominável que surgira em sua Timeline no Facebook, escrito por uma pessoa que chamaremos de “Daniel”. Ele dizia:
2012 foi um ano óooootemo para mim. Saí de meu emprego incrível na Globo e voltei para Belo Horizonte. Comecei a namorar meu anjo, Ju Hollanda. Comecei a fazer Yoga (obrigado, Lua Fisher e Cauã Marques!). Comecei a compor um novo disco de que estou orgulhoso. Conheci Tom Cavalcante, e trabalhei com Marcelo Adnet num projeto incrível. Conversei sobre Lula com Danilo Gentili. Dancei. Entrei pra um time de futebol de praia. Ganhei alguns prêmios. Ajudei a minha irmã a planejar sua viagem de férias de verão. Nadei muito. Joguei um pouco de golfe. Chorei mais do que você imagina. Li o último livro de Martha Medeiros. Assisti Apocalypse Now. Fui ao Rio assistir à final do Brasileirão. Bebi a melhor laranjada da minha vida com Joe Valle. Tuitei. Fui a um casamento incrível no litoral norte paulista. Bebi uma quantidade absurda de leite. Aprendi a fazer arte em areia. Vi um excelente show suave. Assisti a um Cruzeiro e Atlético. Me apaixonei por Crocs. Cozinhei com a Ju. Cuidei do jardim com a Ju. Assisti Homeland com a Ju. Lutei com a Ju. Ri por horas com a Ju. Trabalhei numa peça. Joguei World of Warcraft. Improvisei um pouco. Toquei guitarra um montão. Realmente este ano foi simplesmente sensacional e incrível para mim. Que mundo é esse!
Quando terminei de ler, percebi que a mão que não segurava o celular estava enterrada em minha testa, apertando a minha pele enrugada. Minha expressão facial era a mesma que eu faria se alguém tivesse me obrigado a assistir a um evento onde as pessoas se esfolassem ao vivo.
Era tudo de ruim, e tudo ao mesmo tempo.
Mas ao invés de bloquear o horror, eu mergulhei nele. Eu li a postagem de novo, e de novo, fascinado por sua capacidade de ser agressivamente desagradável.
Aquilo me fez pensar sobre o que faria o comportamento horrível das pessoas nas redes sociais ser tão horrível, e por que outros comportamentos nas redes sociais não eram irritantes. Cheguei a uma regra simples:
Uma postagem em redes sociais é irritante se interessa primariamente ao autor e não traz nada positivo para qualquer um que a leia.
Para desenvolver um pouco o argumento, comecemos pelas características de postagens que não são irritantes.
Para não ser desagradável, uma postagem em redes sociais deve conter pelo menos um de dois tipos de conteúdo:
- Interessante/Informativo
- Engraçado/Divertido/Agradável
Sabe por que isso não é desagradável? Porque o que se encaixa nessas duas categorias traz algo para mim, o leitor. Elas fazem meu dia um pouquinho melhor.
Idealmente, postagens interessantes seriam fascinantes e originais (ou teriam relação com algo que o é), e as engraçadas seriam hilárias. Mas eu me contento alegremente com levemente divertidas – pelo menos ainda estamos lidando com uma galera do bem.
Por outro lado, postagens tipicamente irritantes rescendem a uma ou mais dessas cinco motivações:
- Construção de imagem. O autor quer moldar o que as pessoas pensam dele.
- Narcisismo. Os pensamentos, opiniões e filosofias de vida do autor importam. O autor e sua vida são interessantes em e por si mesmos.
- Desejo de atenção. O autor precisa de atenção.
- Provocação de inveja. O autor quer que os demais sintam inveja dele ou de sua vida.
- Solidão. O autor está se sentindo solitário e resolver isso nas redes sociais. Essa é a menos abominável das cinco – mas ver uma pessoa solitária agindo de modo solitário nas redes sociais faz todo o mundo se sentir triste. Então a pessoa está basicamente espalhando sua tristeza por aí, e isso algo escroto de se fazer, e por isso está na lista.
As redes estão tão infestadas dessas cinco motivações – apesar de uns poucos santos –, que a maioria das pessoas que conheço, incluindo eu mesmo, são culpadas de pelo menos um um desses pecados. É uma epidemia.
Organizemos os delitos mais comuns.
Sete maneiras de ser insuportável nas redes sociais
1. A exibição
Exibir-se é uma chatice tão comum em redes sociais, que precisa ser dividida em três categorias:
1.1. A exibição estilo “Ê, vidão!”
Definição: Uma postagem que faz sua vida parecer ótima, tanto no sentido geral (você conseguiu o emprego dos sonhos, recebeu seu diploma, curtiu o seu novo apartamento) quanto no sentido específico (partiu para uma viagem incrível, um super fim de semana adiante, saindo para a balada com amigos, que dia incrível).
Exemplos:
- “Adivinha quem acaba de receber uma bolsa de estudos?”
- “Fernando de Noronha!”
- “Colando de VIP no jogo do Maraca, balada com Carlos, Marquinhos, Zé e Rodrigão. Sabadaço!”
Principais motivos da postagem: Construção de imagem (eu sou bem sucedido, eu sou feliz, eu tenho uma vida social ativa); Provocação de inveja.
Na melhor das hipóteses, você está realmente animado com sua vida e precisa contar isso pra todo o mundo. Na pior, você quer que as pessoas sintam inveja de você, e que suas vidas são ainda piores. Em algum ponto intermediário, talvez você esteja medindo suas palavras cuidadosamente, numa desagradável e visível campanha para induzir as pessoas a enxergá-lo de determinado modo.
Mas vamos dar-lhe o benefício da dúvida, e considerar que você está simplesmente animado e precisa se gabar para alguém. Mesmo nesse caso, na vida real, só é normal alguém se gabar para seus amigos próximos, namorados e parentes – e é para isso que servem o email, o Whatsapp, uma conversa por telefone ou ao vivo. Seu momento de autossatisfação é profundamente irritante para pessoas de quem você não é próximo, e eles são a ampla maioria de pessoas que lerão sua postagem.
1.2. A exibição disfarçada
Definição: É como as exibições ululantes acima, mas ocultas sob um leve disfarce. Isso inclui todo tipo de exibição humilde, indireta, disfarçada de reclamação etc..
Exemplos:
- “Parece que agora estão dando título de doutor para fraudadores e bêbados. Que tempos são esses!”
- “Estarei viajando no verão, caso alguém conheça alguém querendo sublocar um apartamento em Ipanema em dezembro e janeiro”.
- “No caminho de volta para casa, assobiaram para mim duas vezes, buzinaram duas vezes, e um carro quase bateu ao diminuir a velocidade para me encarar. Às vezes, homens são insuportáveis”.
Principais motivos da postagem: Construção de imagem; Provocação de inveja.
Por um lado, essa gente pelo menos tem consciência suficiente para cobrir sua exibição com alguma coisa. Por outro lado, eles têm exatamente as mesmas motivações que os exibicionistas explícitos e, ao ver esses exemplos, os primeiros parecem até aceitáveis.
1.3. A exibição estilo “Estou num relacionamento ótimo”
Definição: Uma expressão pública de seu sentimentos por seu namorado ou uma anedota simbolizando seu relacionamento perfeito.
Exemplos:
- “Uma viagem surpresa para um chalé em Búzios. Tudo que tenho a dizer é ‘putz, que namorado’”.
- “Obrigado, Raquel, pelo melhor ano de minha vida”.
- “Empolgado com um domingo chuvoso de pizza, games e filmes com a esposa”.
Principais motivos da postagem: Construção de imagem (para seu conhecimento, eu tenho namorado; eu estou num relacionamento maravilhoso); Provocação de inveja.
Os motivos de construção de imagem e de provocação de inveja são óbvios. A única possibilidade menos chocante seria uma tentativa de fortalecer o próprio relacionamento por meio de uma demonstração pública de seus sentimentos – ao invés de fazê-lo em particular. Mas por quê? Você realmente precisa arrastar 800 de nós para essa merda simplesmente porque não consegue encontrar outra maneira de se expressar de modo contundente?
A única possibilidade de fato engraçada aqui é quando o cara posta porque está encrencado ou porque o namorado da amiga da namorada fez alguma merda dessas em algum momento e agora sua namorada está 10% pistola com ele desde que isso rolou – então ele tem que fazer esse sacrifício.
Mas na real não há desculpa. Mesmo se você acha que precisa espalhar seu relacionamento por todo o Facebook, há diversas maneiras socialmente aceitas de fazê-lo – pirar nas fotos de casal no perfil, curtir fotos de momentos a dois no perfil da namorada, aplaudir nos comentários quando ela muda o status para “num relacionamento”, “noivo” ou “casado”.
2. O suspense misterioso
Definição: Uma postagem que deixa claro que algo de bom ou ruim está acontecendo em sua vida, sem contar qualquer detalhe.
Exemplos:
- “CHEGA! Nunca mais saio com ninguém!”
- “Esse pode ser um óooooootemo dia…”
- “Momentos como esse fazem valer a pena toda a luta e a dor”.
- “Aaaaaaaaaaaaaaaaa”
Principais motivos da postagem: Desejo de atenção.
A parte engraçada disso é ler os comentários óbvios e então assistir como o autor responde – se o faz. Esse processo encaixa o autor em uma de quatro subcategorias:
- A celebridade: O autor permanece em silêncio, tratando os amigos que comentam como se fossem fãs boquiabertos.
- O namorado coletivo carente de 800 pessoas: O autor explica tudo nos comentários, o que significa que ele queria falar daquilo em público. Ele só não queria anunciar aquilo ao público, ele queria que o público perguntasse a ele sobre aquilo.
- O protagonista torturado: Aconteceu algo ruim. O autor responde mas mantém o mistério – ele está triste sobre aquilo mas “não quer entrar no assunto”.
- A princesa especial de todos: Aconteceu algo bom. O autor responde mas mantém o mistério – é algo bom mas ele “não pode contar ainda mas você descobrirá em breve!”. Foi só um aperitivo enquanto você espera ansiosamente pelas grandes novidades! Essa é especial porque também traz consigo Narcisismo, Provocação de Inveja e Construção de Imagem. Que pessoa divertida você conhece!
3. A atualização de status literal
Definição: Uma atualização de status real na vida banal de alguém
Exemplos:
- “Partiu academia, depois aula.”
- “Esfihas!”
- “FINALMENTE terminei meu artigo!”
Principais motivos da postagem: Solidão; Narcisismo; Acreditar que uma atualização de status é realmente uma atualização de status.
Permita-me desenhar:
“Finalmente terminei meu artigo!” Tá… E…? O que você está querendo aqui? Elogios falsos de um monte de gente que não está envolvida emocionalmente no seu corre? Terminar seu artigo é território verde no gráfico acima ou, se você tem trabalhado nisso pelos últimos meses, talvez arranhe a parte externa do laranja. Para mais de 90% das pessoas que lerá sua postagem, não chega nem perto do território vermelho – que é o que interessa a elas.
“Partiu academia, depois aula”. Ah, é isso que você planejou pra hoje? Pra quem, exatamente, você está anunciando isso? Espera, eu realmente quero entender a fundo isso. Em algum ponto entre sair do trabalho e chegar na academia, você sentiu vontade de pegar seu celular e digitar essa postagem. Então guardou o celular. Conte-me no que deu!
A parada aqui é território azul na vera, o que significa que mesmo sua mãe está cagando e andando pra isso. Um monte de postagens irritantes passa longe do território vermelho, mas todas interessam ao autor de algum modo, e é por isso que são feitas.
Mas informações sobre a sua agenda não ajudam em nada na construção de sua imagem nem provocam inveja em ninguém – por isso parecem com a prima triste do desejo de atenção, a solidão. Eu imagino que seja bom que as redes sociais dêem aos solitários alguém para contar suas rotinas, e essas postagens não estariam nesta lista se não tivessem o efeito colateral de lembrar a todos os demais que a vida não tem sentido e que eles morrerão um dia.
A outra explicação possível é narcisismo grave, como se, de algum modo, porque você é você, mesmo os menores detalhes de sua vida são interessantes para os outros. Um lado estranho na vida de uma grande celebridade é que as pessoas são obcecadas com tudo sobre ela – mesmo seu território azul. Se você não é uma grande celebridade, não terá esse problema, eu garanto.
4. A mensagem particular inexplicavelmente pública
Definição: Uma postagem pública de uma pessoa para outra, que não tem uma boa razão para ser pública.
Exemplos:
- “Saudade! Quando você vem por aqui?”
- “Que fds ótimo com Marina Fernandes e Cláudia Lehman. Eu amo minhas meninas!”
- Todas as piadas internas
Principais motivos da postagem: Construção de imagem; Provocação de inveja; Narcisismo; você tem mais de 80 anos e não entende a diferença entre uma postagem pública e uma postagem particular.
Então, afora o caso de minha avó, não há nunca uma boa razão para fazer isso. Boa é a palavra-chave, porque há muitas razões irritantes para fazer isso. Vamos listá-las:
- Fazer você parecer bacana, sociável e fazer sua vida sozial parecer vibrante e divertida;
- Mostrar a todos como você e a outra pessoa são bons amigos;
- Porque você está agindo como se fosse um adolescente no colégio, e você é um daqueles meninos “populares” cuja vida social é supostamente importante para os demais.
A única possibilidade que eu gosto aqui é se o objetivo da mensagem é provocar inveja especificamente numa pessoa que provavelmente a verá – quer seja um ex ou um amigo que eles odeiam. Esse tipo de maldade é tão radical que chega a se tornar legal.
5. O discurso de recebimento do Oscar que brota do nada
Definição: Uma explosão de afeto sem razão clara e que não é dirigida a ninguém em particular
Exemplo: “Eu só queria dizer como estou agradecido a todos vocês que tocaram minha vida. O apoio de vocês significa muito pra mim e sem ele eu não teria conseguido atravessar tudo isso por que passei no último ano!”
Principais motivos da postagem: Desejo de atenção.
Eu me recuso a acreditar que você sente uma genuína explosão de afeto por seus 800 amigos do Facebook. E, mesmo que você sinta de repente um súbito carinho por seus melhores amigos e por sua família, será que uma postagem pública é a melhor maneira de expressá-la? Será que não seria mais autêntico e pessoal mandar a mensagem num grupo restrito do Whatsapp ou por email? Mas isso não interessa, porque não é o que está rolando aqui.
O que está rolando aqui na real poderia ser traduzido como: “Oi pessoal! Estou aqui! Me abracem!” É claro que a resposta inevitável para uma dessas postagens, não importa quem você seja, serão dúzias de likes, abraços e comentários carinhosos. Isso não é um pouco carente demais de sua parte? Você não está se sentindo carinhoso ao escrever uma postagem assim, o que você está sentindo é uma urgência de ser amado.
A única situação em que isso poderia ser aceito de algum modo é quando é parte de um grande abraço coletivo, como a Páscoa ou o Natal. Se você abrir uma rede social no final de ano, se verá exposto a centenas de discursos de recebimento do Oscar que brotaram do nada (os quais, é claro, são também completamente dispensáveis).
6. A opinião incrivelmente óbvia
Definição: Quando um fato importante acontece, uma postagem badalando a opinião que já ouvimos mil vezes.
Exemplos:
- “Muito triste pelas vítimas da enchente no interior da Bahia! Rezando por eles”.
- “Todos unidos em solidariedade e oração pelas famílias das vítimas do terrível acidente com o ônibus nesta semana”.
- “Estou revoltado com a política no Brasil e sei que você também está, mas nas eleições deste ano temos o dever e a responsabilidade de fazer a escolha certa”.
Principais motivos da postagem: Narcisismo; Construção de imagem (eu sou o tipo de gente que tem esse essa opinião ou reação específica; eu sou inteligente e sei comentar assuntos sérios).
Essa é irritante porque A) você não não traz algo sequer remotamente original ou interessante sobre algum fato a respeito do qual todos já vêm sendo bombardeados pela imprensa, com toda cobertura possível e B) você está atraindo para si a importância de um evento grande e potencialmente trágico. A tristeza que você sente pelo que aconteceu não é na verdade uma peça-chave nesse quebra-cabeça, e você não precisa descrever o fato que todos conhecem por meio de sua visão pessoal, especialmente quando ela é exatamente a mesma de todos os demais – se eu quisesse uma visão narcisista junto de minha tragédia, eu simplesmente leria os tuítes de alguém famoso sobre o fato.
7. O passo rumo à iluminação
Definição: Uma pérola de sabedoria não solicitada.
Exemplos:
- “A verdadeira paz vem de dentro. Não a procure fora” – Buda
- “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas”. Provérbios, 3:5-6
- “Eu não entendo o que há de tão especial no Ano Novo, a ponto de fazer todos prometerem ser diferentes no ano que vem. Se você quer melhorar como pessoa, isso não deveria depender do dia do ano… Eu? Eu serei amanhã a mesma pessoa que sou hoje”.
Principais motivos da postagem: Construção de imagem; Narcisismo.
Primeiramente, vamos deixar bem claro que não há qualquer humildade envolvida numa postagem do tipo Passo rumo à Iluminação, simplesmente porque você está citando outra pessoa – a mensagem claramente condescendente é: “Eeeeer, olá, amigos do Facebook. Eu conheço os segredos da vida. Permitam-me doutriná-los para que vocês também atinjam esse estado iluminado um dia”.
Em segundo lugar, sabe o que realmente inspira as pessoas? Quando você realmente faz algo incrível e isso é um exemplo e uma inspiração para os demais. Para que suas palavras, por si mesmas, sejam inspiradoras, você precisaria ser um orador talentoso ou um escritor que realmente tenha algo de original para dizer – e nós sabemos que você não o é. Então quando você se considera uma personalidade inspiradora simplesmente por postar citações banais isso é, bem, flagrantemente narcisista. Você acha que você, sendo somente você mesmo, é inspirador.
Em terceiro lugar, vamos a sua verdadeira intenção com essas postagens: construção de imagem. Você quer que as pessoas vejam o quão iluminado você é e que admirem a jornada espiritual em que você está empenhado.
A postagem de nosso amigo Daniel foi notável. Em um simples parágrafo ele penetrou minha alma, envolvendo praticamente todos os tipos de postagens e motivações discutidos acima. A questão é que, apesar disso, o seu post só provocou likes e alguns comentários amigáveis.
E é por isso que o comportamento insuportável nas redes sociais nunca deixará de existir: não há botão de “não curtir”, “revirar os olhos” ou “dedo do meio” na maioria delas, e pega mal ser chato nos comentários de uma postagem. Então as postagens irritantes são reforçadas positivamente, e as pessoas continuam inadvertidamente piorando a qualidade de vida de todo o mundo.
A grande questão aqui é que as características de postagens irritantes são as características humanas normais. Todos precisam se gabar a alguém de vez em quando, todos temos nossos momentos de fraqueza, quando precisamos de atenção ou nos sentimos solitários, e todos temos alguns traços absolutamente horríveis em nossas personalidades que vão aparecer vez por outra.
E é pra isso que servem as pessoas que adoram você.
O fato que Daniel e a maioria dos demais não internalizaram é que, se eles têm 800 amigos no Facebook, apenas 10 ou 15 os adoram. Uma pessoa especialmente adorável teria 30 pessoas que a adoram. Entre 1% e 4%. Isso significa que entre 96% e 99% de seus amigos em redes sociais NÃO O ADORAM.
Gente que não o adora não está nem aí para você, para o seu dia ou para sua vida. Essa galera não está torcendo por você e certamente não quer ter nada a ver com seus defeitos. E você fazendo algo unicamente para atender a suas necessidades emocionais ou egoísticas é algo que não deveria aparecer nas telas de seus computadores – simplesmente não deveria.
Falou, preciso ir. Partiu academia, depois jantar, depois casa, depois cama.
- Publicado originalmente em 8 de julho de 2013, como 7 ways to be insufferable on Facebook. Essa tradução foi adaptada para as condições atuais e nacionais. O escopo foi expandido para redes sociais.↩︎