Ao contrário do apresentador, a sétima arte sempre se posicionou contra o regime de Adolf Hitler. Ainda bem.

por Henrique Nunes
Para começo de conversa, vamos à óbvia e rasteira premissa que alimenta o discurso de gente como Kim Kataguiri e Monark: a liberdade como propulsora de toda e qualquer decisão individual. Ponto. É a partir deste panteão das democracias que a defesa da liberdade irrestrita de expressão se sustenta e, como temos visto com frequência, também se dissipa.
Pois bem, meu raro leitor. Eu sei. Não estamos aqui para falar sobre liberalismo, tampouco do ponto de vista teórico. Estamos aqui para falar de cinema. E, a partir dele, mostrar a imbecis como o ex-apresentador do Flow, o liberalzinho por excelência da comunicação nacional, o quanto a sétima arte tem contribuído para derrubar teses absurdas sobre liberdades irrestritas. Mas, acima de tudo, como filmes sobre as monstruosidades do nazismo não envelhecem — pelo contrário, tornam-se cada vez mais atuais.
É nesta toada que seguimos a partir daqui. A lista de filmes sobre o tema é imensa e repleta de clássicos indiscutíveis, como A Lista de Schindler (1993) ou A Vida é Bela (1997). Estes, assim como os que você encontrará a seguir, merecem ser vistos e revistos para jamais esquecermos: nazista bom é nazista morto.
Ele está de volta

Adolf Hitler desperta no mesmo local em que ficava o seu bunker há 70 anos, mas vira um fenômeno da mídia ao ser confundido com um comediante. Data de lançamento: 8 de outubro de 2015. (Alemanha). Diretor: David Wnendt
Nota: este é o mais inusitado entre as minhas escolhas, embora tenha feito bastante sucesso por ser um filme de baixo orçamento. A premissa parece meio bobagem, mas o tom documental mostra o quão preocupante é reviver os ideais do líder supremo do nazismo.
Bastardos Inglórios

Durante a Segunda Guerra Mundial, na França, um grupo de judeus americanos conhecidos como Bastardos espalha o terror entre o terceiro Reich. Ao mesmo tempo, Shosanna, uma judia que fugiu dos nazistas quando criança, planeja vingança quando um evento em seu cinema reunirá os líderes do partido. Data de lançamento: 9 de outubro de 2009 (Brasil). Diretor: Quentin Tarantino.
Nota: talvez o mais lembrado desde que Monark resolveu acabar de vez com a própria carreira, Bastardos Inglórios é, para mim, a melhor obra de Tarantino pós Pulp Fiction. Depois dele, recriar fatos históricos passou a ser um modus operandi do diretor, mas neste aqui está tudo perfeitamente encaixado.
A queda: as últimas horas de Adolf Hitler

Em 1942, o jovem Traudl Junge tem o que parece ser a melhor profissão do mundo: ele é secretário de Hitler. Três anos depois, o império se resume a um abrigo subterrâneo e, de lá, Traudl narra os últimos dias da vida de do ditador. Data de lançamento: 6 de maio de 2005 (Brasil). Diretor: Oliver Hirschbiegel
Nota: a cena clássica de Hitler furioso com o cerco fechado pelos Aliados virou um video-meme para as mais diversas situações. Muito em razão da atuação de Bruno Ganz, considerada por muitos a melhor de todos os tempos no papel do Führer.
Jojo Rabbit

Jojo é um garoto alemão solitário que descobre que sua mãe está escondendo uma garota judia no sótão. Ajudado apenas por seu amigo imaginário, Adolf Hitler, Jojo deve enfrentar seu nacionalismo cego enquanto a Segunda Guerra Mundial prossegue. Data de lançamento: 6 de fevereiro de 2020 (Brasil). Diretor: Taika Waititi
Nota: Jojo Rabbit causou estragos ao fazer uma adaptação satírica do livro O Céu que nos Oprime, de Christine Leunens. A acusação era de que o filme “humanizava” Hitler. De fato, a obra se sustenta sobre caminho arriscado, mas é fantástica. A cena final com Heroes, de David Bowie, é dessas que jamais esquecemos.
Olga

Quando a militante comunista Olga Benário passa a perseguida pela polícia na Alemanha, a jovem judia foge para Moscou. Na capital russa, Olga faz treinamento militar e fica encarregada de acompanhar Luís Carlos Prestes ao Brasil para liderar a Intentona Comunista de 1935, se apaixonando por ele na viagem. Com o fracasso da revolução, Olga acaba por ser deportada à Alemanha nazista ainda grávida de Prestes. Data de lançamento: 20 de agosto de 2004 (Brasil). Diretor: Jayme Monjardim
Nota: o filme é a junção do autoritarismo do governo Getúlio Vargas (ainda endeusado por parte da esquerda sem concessões) com o nazismo de Adolf Hitler. Não há grandes malabarismos narrativos e segue à risca o livro de Fernando Morais. Mas é bem filmado e não se entrega ao oportunismo de fazer um filme com cara de novela da Globo.
“Arquitetura da destruição” . Se nao viu é porque ainda nao esta condições de indicar lista sobre o tema. Se viu e nao colocou na lista, desculpe, mas deveria fazer o minimo e ver o filme.
Colocaria a lista de Schindler também