Seis idiotas e um balão cheio fazem o funeral do Parque Estadual Juquery

Após um balão pegar fogo em Franco da Rocha, última região de cerrado preservado da área metropolitana de SP vira cinzas

"Passando a boiada" sobre tela, técnica incendiária. Imagem: reprodução. Edição: O Partisano
por Bibi Tavares

Nesta segunda-feira (23), a cidade de São Paulo amanheceu mais cinza do que o normal, agraciada com uma deliciosa e refrescante chuva de fuligem que cobriu muitos quintais. Essa benção dos céus é fruto de um incêndio – mais apoteótico do que a torta de morango do Valério Arcary – que teve início domingo (22) no Parque Estadual do Juquery, localizado na região de Franco da Rocha e Caieiras, municípios vizinhos de São Paulo. Os autores da obra são um grupo de baloeiros que acharam viável soltar um balão durante esse gostoso clima sem chuvas e mais seco do que as têmporas do presidente.

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Ao invés de belos tintos, o apoteótico incêndio derrubou a última reserva remanescente de cerrado da região metropolitana do Estado

Encontrados ainda na região de Franco da Rocha após denúncias anônimas, os autores foram presos e enquadrados na Lei de Crime Ambiental, mas com singelas 30 garoupas ganharam liberdade. Cada um dos seis homo erectus pagou uma fiança de 3 mil reais e poucas horas depois já estavam sendo soltos – e sem botar fogo na delegacia.

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Moradores de regiões mais longínquas, como o ABC e zona sul de São Paulo, registraram os confetes da morte em suas casas e calçadas. Apesar de não ter chovido, quem esqueceu as roupas no varal também está se sentindo um otário diante do iminente fracasso da vida no capitalismo, apostar na inteligência humana hoje requer mais cautela do que apostar dinheiro em caça-níquel.

Parque do Juquery durante incêndio iniciado neste domingo (22). Imagem: Reprodução

Até agora, cerca de 60% dos 2 mil hectares do último remanescente do cerrado que ainda estava preservado na região metropolitana de São Paulo foram consumidos pelo fogo. Imagina como deve estar a moral de um desses enviados diretamente do período neolítico, onde era normal procurar motivo pra fazer fogo, porque o planeta ainda não estava em clima de estafa, prestes a colapsar. O cara que provoca uma fumaça mais sufocante do que a de narguilé e que fica impregnada dentro de casa, só pode ter a alma vendida pro rabo-de-seta. Você não pode ir tomar um banho com a sua toalha que ficou secando no fim de semana no varal porque ela vai estar cheirando a fim de churrasco de picanha de 30 mil do presidente.

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Segundo especialistas, as queimadas seguem a todo vapor pelos próximos dias. Fontes fidedignas nos contaram que o ex-ministro do Ambiente, Ricardo Salles, está assistindo com pipoca às imagens do funeral do Parque: “quantas boiadas eu não poderia passar por ali, hein?”, se questiona Salles. Rest in peace Parque Estadual do Juquery, haja torta de morango pra apagar esse incêndio.

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