Ato bolsonarista do último domingo teve bandeiras em inglês, idosos corongados e PM protegendo estátua de bandeirante em frente ao Masp, mas público que é bom, nada

por Bibi Tavares
Neste domingo (14) o centro de São Paulo foi palco de novas manifestações contra e a favor do governo Bolsonaro. No maior clima de isolamento social, cerca de 70 manifestantes não lotaram o Viaduto do Chá, local escolhido pela prefeitura para o ato a favor do presidente. O ato bolsonarista estava marcado para começar às 13h, contudo, acabou atrasando. Segundo apontou um dos organizadores, o atraso se deu porque era horário de almoço e mastigar capim dá trabalho.
Outro organizador do evento, o Major Costa e Silva (sim, esse é o nome real do cidadão) confessou que realmente esperava mais pessoas para o ato, e culpou a chuva e o frio. Diferentemente dos nazistas que marcharam na neve até a morte em nome do Terceiro Reich, parece que a extrema-direita brasileira não está muito disposta a pegar friagem pelo seu presidente. Costa e Silva (mano, sério) ainda se lamentou dizendo que:
“Muitos apoiadores acham que a luta acabou com a eleição do presidente. Se ficar acomodado dentro de casa, vamos perder tudo que conquistamos”.
Uma das manifestantes do ato pró-Bolsonaro, uma senhorinha de 65 anos, orgulhava-se de ter comparecido a todos esses eventos desde a posse do #PaiDeRachadinha. Contudo, esse ano ela não estava sozinha. Um pequeno coronguinha segurava sua mão, pronto para levar a viúva para conhecer grandes nomes da ditadura militar brasileira, nas profundezas do inferno. Teve também jovens “latinoameribrancos” tentando dar uma de neonazistas, vestindo roupas com diversas suásticas. Esses amantes de forró norueguês saídos diretamente dos alpes da parte menos mijada do centro de São Paulo chegaram a ser abordados pela polícia, mas para a PM as camisetas com suásticas eram apenas camisetas de bandas. Quem se lascou mesmo foi um repórter da UOL que estava no local e foi agredido ao tentar gravar o que estava rolando.
1/3) Graças a este policial militar (de óculos), meu celular recém quitado está com a tela quebrada. Enquanto eu gravava medidas que estavam sendo adotadas por PMs com três neonazistas na Paulista, ele me empurrou pelas costas. pic.twitter.com/5iRvKUCf08
— Luís Adorno (@LuisAdorno) June 14, 2020
Enquanto isso, na Avenida Paulista, o ato contra Bolsonaro reuniu torcidas organizadas, movimentos sociais e partidos políticos. Pra variar, a Polícia Militar estava em peso mais uma vez, e no maior clima de romance com o bolsonarismo, deu uma de Kevin Costner em O Guarda-Costas e montou um cercadinho para proteger a estátua – não de Whitney Houston, mas do bandeirante Anhanguera, também conhecido como “espírito do mal” ou “diabo velho” pelos indígenas.
O medo da PM era de que os manifestantes incorporassem a combatividade de manifestantes de outros países que vêm derrubando monumentos racistas e de outros genocidas da história, como aconteceu domingo passado (7) em Bristol, quando a estátua de um traficante de escravos foi rio Avon abaixo. Parece que um bloco de pedra com a cara de um estuprador merece mais proteção do que grande parte da população.

Voltando ao Viaduto do Chá, onde se concentravam cloroquiners, neonazis e viúvas da ditadura, uma imagem chamava atenção. Um dos cartazes levantados pelos fãs de Bolsonaro exigia um #ForaDoria. Mas a reivindicação não parou por aí. Eles queriam mais, muito mais. Queriam o direito de tingir seus corpos e customizar suas roupas com cloroquina. Diante da crise do coronavírus, realmente é necessário mudar o mindset.

Enquanto a esquerda conseguiu mobilizar uma boa quantidade de gente na Av. Paulista, mesmo com clima de chuva e tempo frio, a direita que tanto gosta de jogar cuspinho nos outros enquanto berra uma defesa esquizofrênica de Bolsonaro parece que aos pouco vai abandonando o barco. Só aguardando cenas dos próximos capítulos para saber no que vão dar essas manifestações em plena pandemia e ascensão da curva de contágio.
#ForaBolsonaroGenocida