País pintado por Bolsonaro, o gênio assintomático, parece um panfleto das Testemunhas de Jeová, mais open bar de cerveja e sem fiscal de relacionamento

por Bibi Tavares
Nesta terça-feira (22) Jair Bolsonaro discursou na Assembleia Geral da ONU, gerando caos e vergonha alheia em grande parte da população. É difícil dizer que alguém poderia se surpreender com o amontoado de palavras mentirosas que Bolsonaro proferiu neste discurso, na maior cara de pau, como se os líderes das outras nações não lessem jornal. Uma das coisas mais esperadas e que faz muita gente rir de desespero é a falta de capacidade do presidente em discursar, sempre naquele ritmo como se o teleprompter estivesse convulsionando e ele estivesse com as meias molhadas.
Pronto para pintar um país que não existe, ele falou bastante de um tal de Brazil, bem parecido com o nosso Brasil, mas mais civilizado e preparado para lidar com tragédias, caos, pandemias e invenções de uma mídia histérica que só atrapalha o grande presida com suas denúncias contra o governo.
Covid? Que é isso?
No Brazil da ONU, a Covid teve que disputar seu protagonismo de mazela do ano com o desemprego, segundo Bolsonaro, ambos deveriam ser combatidos ao mesmo tempo quando todo mundo deveria estar em casa. Para o presidente, o vírus foi “politizado” – o que chega a ser uma piada, já que nem Bolsonaro é politizado – e a mídia foi a responsável por causar o caos social ao falar tanto sobre uma doença que matou nada menos do que 137 mil pessoas no país e mais de 950 mil no mundo. Aparentemente, o coronavírus só perde pro Stalin, que matou 689 bilhões de pessoas e não só pessoas, mas, também, burgueses safados. Mas voltando ao Brazil de Bolsonaro na ONU, Covid tava ok, mídia não tava ok, desemprego sei lá.
De forma “arrojada”, o Brazil implementou um case de sucesso para salvar lifes e concedeu cerca de mil dólares em auxílio emergencial para a população, para impedir que as pessoas virassem homeless. Um dos maiores programas do país, do mundo plano, da galáxia!! (segundo Bolsonaro). Discretamente, Bolsonaro ainda conseguiu fazer uma propaganda da cloroquina, informando que o governo incentivou o tratamento precoce da Covid, bem se sabe como…
Generoso, o presidente concedeu 400 milhões de dólares para pesquisas da vacina de Oxford no tal Brazil, onde cientistas deram uma previsão de como será a vacina: “a gente misturou um pouco de cloroquina com caldo de cana, porque caldo de cana fortalece o organismo, mas o fator principal é não ir fazer exame, evitando assim de ficar sabendo que está contaminado”. No Brazil também não teve crise no campo, “o homem do campo trabalhou como nunca”, segundo Bolsonaro, provavelmente para conseguir recolher umas migalhas de aposentadoria aos +75.
Quem bota fogo em floresta é índio
Os indígenas do Brazil também são felizes e reluzentes, afinal, esse grande país tem a melhor legislação ambiental do mundo, do universo todinho, como mencionou Bolsonaro: “líderes em conservação de florestas tropicais”. As florestas não pegam fogo pois o país é úmido o suficiente para evitar e quando tem algum incêndio…são os indígenas, não civilizados, fazendo fogueira pra mandar sinal de fumaça. Inclusive, um de nossos repórteres presenciou uma dessas mensagens, ela dizia SOCORRO.
No campo social, o Brazil também é referência pelo seu compromisso com os direitos humanos e sua população. Grande país, não?
Nesse mesmo Brazil, Bolsonaro prega que aceita parcerias que respeitem a soberania nacional, mas é o primeiro a conceder o butico para os EUA e vender as riquezas nacionais, além de apoiar o criminoso tratamento que os EUA dão à Venezuela, comprando a provocação alheia, e defender um golpe no país de Maduro.
Mas voltando à realidade, Bolsonaro é presidente do Brasil, país onde o Estado virou as costas para sua população pobre.
Onde a legislação ambiental é uma das mais flexíveis do mundo, principalmente se tratando de latifundiários que causam muitos incêndios, desmatamento, mortes de indígenas e animais. No Brasil fora da ONU, Bolsonaro concedeu muito a contragosto um auxílio emergencial muito do mixuruca, em poucas parcelas e com redução. Seria engraçado se não fosse mórbido.