Em tempos de pandemia, uma especulação ociosa ocupa a mente dos mais desocupados: qual seria o nome do MBL se virasse um partido? Veja aqui algumas hipóteses

por Guilherme Moreno
O Movimento Brasil Livre (MBL) cogitou comprar um partido em formação para contornar as dificuldades de criar um partido próprio. É o que mostra uma reportagem do Intercept Brasil publicada essa semana, sob o título “Compra, faz um acordo”. Na reportagem podemos ouvir um áudio em que Renan Santos, fundador e coordenador nacional do MBL, diz o seguinte:
“Ô Renato, eu vi isso aí. O Rubinho, quando eu falei, quando eu vi essa ideia, esse negócio do… Da mudança da regra, eu falei: ‘Tá, mas quem tá na regra antiga então, é só a gente ir atrás dos caras que tão na regra antiga e pegar o partido, que tem mais de 50 partidos tentando’. Só ver alguém aí que tá com seus quinze, vinte, trinta mil assinaturas, compra, faz um acordo… Mas o Rubi falou que não, que a regra muda pra todo mundo. Então vai ter que ser um milhão e meio pra todo mundo”.
O “Rubinho” da conversa é o advogado Rubinho Nunes, também fundador do MBL e candidato a vereador em São Paulo.
MBL sempre foi um partido
Essa foi uma ironia previsível do destino. O movimento que durante a campanha golpista pelo impeachment de Dilma Rousseff garantia ser “apartidário” era o tempo todo um partido ele mesmo. E um partido organizado por estrangeiros, como demonstrou um artigo publicado pela própria Atlas Network em 1º de abril de 2015, comemorando o papel proeminente de Kim Kataguiri nas manifestações da direita, sob o título “Students for Liberty plays strong role in Free Brazil Movement” (“Estudantes pela Liberdade têm forte papel no Movimento Brasil Livre”).
Entre outras coisas, dizia o artigo que:
“Muitos membros do Movimento Brasil Livre passaram pelo principal programa de treinamento da Atlas Network, a Academia Atlas de Liderança, e agora estão aplicando o que aprenderam em campo, onde eles moram e trabalham.”
Internacional neoliberal
A Atlas Network é financiada por bilionários estrangeiros para disseminar o programa neoliberal pelo mundo, com a defesa de privatizações, desregulação, corte de programas sociais etc. Como uma espécie de Internacional, ONGs e think tanks como a Atlas Network têm sido bem sucedidos até aqui em espalhar entre as populações de países pobres ideias liberais que tem o potencial de solapar a soberania desses países e atirar centenas de milhões de pessoas à miséria com a aplicação prática dessas ideias.
Portanto, se existe organização e um programa político, o “apartidário” MBL sempre foi um partido, que cogitou comprar uma legenda para tornar essa situação oficial. E se, no momento oportuno, a direita utilizou a demagogia antipartidária para atingir a esquerda, o MBL sempre atuou junto com os partidos da direita nos bastidores. Essa não foi a primeira vez que áudios do grupo relacionados a dinheiro e partidos vazaram. Em 2016 o UOL publicou uma reportagem, com áudios de Renan Santos, que mostravam que partidos como o PSDB, DEM, PMDB e SD financiaram os atos golpistas pelo impeachment promovidos pelo MBL.
Como chamaria o partido do MBL?
Os áudios do Intercept dão a entender, pelo menos por enquanto, que os dirigentes partidários do MBL desistiram de comprar ou fundar um partido, chegando até a pensar em entrar para o Novo. Dito isso, em tempos ociosos de pandemia e confinamento, entre um e outro campeonato de pedra-papel-e-tesoura, resta-nos especular: afinal, qual seria o nome de um partido fundado pelo MBL?
Uma anedota do passado pode ajudar a esclarecer a questão. Certa feita, o DCM tentou entrevistar Kim Kataguiri sobre uma fracassada marcha para Brasília que o partido/movimento tentou realizar em 2015. Como resposta, o hoje deputado federal pelo DEM enviou ao DCM a foto de uma bunda. Na época, Kim esclareceu que a bunda não era dele. Não foi feito um teste da farinha para confirmar a versão. De qualquer forma, uma investigação mais aprofundada do caso sugere possíveis nomes para uma sigla do MBL, caso ela venha a existir oficialmente, como, por exemplo, Movimento da Bundinha Lasciva ou Movimento do Bumbum Laceado. Nossa reportagem não conseguiu apurar quantas fotos foram tiradas até que escolhessem a que acabou sendo enviada ao DCM, nem se usaram pau-de-selfie durante o ensaio nu.