Acontece hoje a paralisação da categoria que trabalha feito escravo pro chefe que eles nem conhecem passar o reveillon em Miami

por Bibi Tavares
Todos os dias, a pandemia do coronavírus vem escancarando problema por problema da sociedade capitalista. Nada fica de fora e nada passa despercebido às emergências da calamidade sanitária que poderia ter sido evitada simplesmente se o governo existisse. Nesse cenário, a precarização do trabalho virou regra para “manter” empregos, e hoje acontece o que a classe média gelatinosa, cujo cérebro foi corroído por excesso de tecido adiposo, odeia mais do que tudo: uma greve.
Organizados em todo o Brasil, os entregadores de aplicativos mobilizaram o chamado #BrequeDeApps, a fim de reivindicar uma série de direitos inexistentes nessa categoria. Seja de bike ou de moto, essa galera arrisca a vida para alimentar aquela rapaziada que não tem coragem de tirar a bunda do sofá sequer para ir pegar a entrega na portaria do prédio, e ainda reclamam quando o entregador não quer subir! Pessoalmente, já presenciei entregadores que avisaram que não poderiam subir por ser perigoso deixar a bike/moto sozinha, pois já haviam sido roubados, mesmo utilizando corrente.
Estimativas apontam que centenas de tiozões pançudos com a testa oleosa, e revolucionários de 20 anos que usam cueca freada – que se recusam a comer a comida xexelenta da família – morrerão de fome hoje no Jabaquara.
Um entregador conhecido nas internetes como Mineiro conta como essa organização em volta da greve se deu:
“Nós começamos a pensar em se organizar foi há um ano atrás, nós já começamos a fazer paralisações referentes ao Ifood. Quando eu comecei no Ifood, a gente realmente era considerado como motoboy, como entregador, consideravam que a gente devia receber bem pelo serviço prestado”
Apesar das empresas terem pós no quesito canalhice, como é o caso da iFood e da Rappi, e de terem aumentado exponencialmente seus lucros durante o isolamento social, os entregadores além de contabilizarem um total de zero direitos, ainda contam com valores menores que R$ 1,00 por km nas entregas. Pois é, chore se você chorou.
Segundo Mineiro, a luta é principalmente pelos entregadores da categoria Nuvem. Seja na Uber Eats, Rappi ou iFood, esses trabalhadores não possuem qualquer vínculo empregatício com a empresa, que claramente se aproveita para cagar e andar para a vida de seus funcionários. As empresas não se importam se esses entregadores vão ter tempo e dinheiro para comer. Não se importam com o preço da gasolina, nem se foram atropelados por algum playboy filho da puta que não sabe usar o freio, identificar as cores de um semáforo, ou apenas pelo prazer de matar pobre. Um tempo atrás existia um modelo de trabalho muito parecido, chamava-se escravidão.
“Estamos pedindo um auxílio-lanche porque nem todo dia a gente consegue levar uma marmita de casa. No aplicativo tem o motoboy e tem o complementador de salário. O motoboy sai de casa às 7 da manhã, ele faz os horários de café da manhã, almoço, café da tarde e janta. Imagina só; ele ter de levar marmita para cumprir todos esses horários? Não dá. Então ou você coloca a gasolina, ou come na rua. Se tivesse esse auxílio o pessoal conseguiria se manter no serviço, teria como se alimentar melhor e ser tratado melhor nos restaurantes – porque tem restaurante que trata a gente como lixo.”
Na era do coaching, é claro que sempre vai aparecer algum empreendedor arrombado pra falar que esses entregadores de apps devem se agarrar às oportunidades da calamidade pública e trabalhar o dobro, empreender, “fazer dinheiro na crise”. Felizmente os entregadores não ouviram as dicas de quem abre carrinho falido de foodtruck na Vila Madalena, mudaram o #mindset, e entraram na onda de #inovation usando uma tática #vintage, a famosa GREVE. É isso pessoal! Agreguem #skills e, como diria o ET Bilu: busquem #knowledge.
