Movimentos como o Estamos Juntos, Basta!, Somos70porcento mostram cansaço das elites com o menino Jair, enquanto antifas e fascistas se confrontam nas ruas

por Vitor Teixeira
Na última semana o economista Eduardo Moreira participou de mais uma das infindáveis lives de quarentena no YouTube, na qual os participantes discutiam se manter Bolsonaro na presidência da República era algo sustentável. Tudo bem, tem muita gente que faz live pra discutir se a terra é plana ou redonda também.
Números de uma pesquisa publicada naquela quinta-feira (28/05) foram veiculados pelo Datafolha no meio do debate. A pesquisa mostrava que a rejeição ao cavaleiro do apocalipse já passava da casa dos 70%, talkey? Com os dados na mão, Moreira teve um insight: “é verdade, a gente nunca fala dos 70%. Caramba, 70% no Brasil é gente para caramba.”
No mesmo dia uma iniciativa chamada “Somos70porcento” foi lançada como hashtag no Twitter, e viralizou nos dias seguintes nas redes sociais brazucas. A ideia, segundo Moreira e seus demais realizadores, seria juntar gregos e troianos “em defesa da democracia e contra Bolsonaro”. Tucanos golpistas, petistas, lava-jatistas, gente que acha que o Ciro é o Putin brasileiro, eleitores do Amoêdo, antifas, defensores de vidraça de banco, torcedores do Vasco, marxistas-leninistas, burgueses safados, negros asfixiados pela PM, retardados seguidores de seitas familiares e minions arrependidos. Todos unidos num objetivo comum: impichar o Mito.
Enquanto o primeiro meeting dos 70% não é marcado no apartamento de Paula Lavigne na ilha de Manhattan, as elites do mundo assistem rebeliões sendo organizadas em diversos países sob a bandeira do antifascismo. O capitalismo em sua decadência, somado a uma pandemia mundial e a uma depressão econômica no horizonte, começa a gerar sinistras movimentações nas ruas do mundo. Nos EUA, o estopim das revoltas foi o assassinato brutal de mais um homem negro, por asfixia, por um policial em Minnesota. No Brasil, a reação veio na forma de mobilizações anti-bolsonaristas, impedindo as caravanas dos cloroquiners em Porto Alegre, e partindo pra cima de atos fascistas em São Paulo.
Nesse meio tempo em que o pau comia nas ruas, o movimento dos 70% meteu a mão no bolso e publicou seu manifesto em páginas inteiras de vários jornalões impressos. “Somos mais de dois terços da população do Brasil e invocamos que partidos, seus líderes e candidatos agora deixem de lado projetos individuais de poder em favor de um projeto comum de país”, afirmou o grupo em manifesto assinado por figuras como Caetano Veloso, Felipe Neto, FHC e o ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta.
“Esquerda, centro e direita unidos para defender a lei, a ordem, a política, a ética, as famílias, o voto, a ciência, a verdade.”
“As famílias” foi foda.
É importante mencionar que os 70% não estão sozinhos nessa empreitada. Nessa mesma esteira de movimentos “plurais” favoráveis ao impeachment estão o Basta! e o Estamos Juntos. Infelizmente não tivemos condições psicológicas nem paciência para apurar as particularidades de cada um desses bordéis, mas para resumir a cuestão, ficamos com a provocativa afirmação do ex-presidente Lula sobre o tema:
“Não tenho idade pra ser Maria vai com as outras.”
Ao que tudo indica, as elites tupiniquins perderam a paciência com Bolsonaro de vez, e começaram a organizar um circo para dar um aspecto popular e legal para um eventual impeachment. Quem acompanha um pouquinho de política nos últimos anos percebe que o movimento dos 70% é tipo um cruzamento dos caras pintadas do período Collor com os maluquinhos de junho de 2013. Tipo filho de primos. Já nasceu retardado.
Já as ações antifascistas têm raízes aparentemente mais populares, e tomam conta das redes com belas imagens de bolsonaristas sendo colocados nos seus devidos lugares. Muito que bem. Mas se os partidos e movimentos populares não politizarem essa revolta popular, em breve podemos ver um PATO 70% ANTIFA em plena Avenida Paulista, para tirar Bolsonaro e colocar um novo FHC no Planalto, para que o país seja destruído com classe.
No Brasil de 2020 tudo é possível.
O combativo professor Haddad também assinou o EstamosJuntos. Assim como quase todo o ultra esquerdista PSOL. Obs: é difícil fazer ironia por escrito.